Youtube analisa se Gabriel Monteiro infringiu regras da plataforma
Campanha #DesmonetizaGabrielMonteiro já conta com a participação de 15 empresas
Uma das maiores fontes de renda do vereador do Rio Gabriel Monteiro pode estar com os dias contados. Desde foram divulgadas denúncias de assédio sexual e moral, assim como as suspeitas de conteúdo forjado produzido pelo ex-PM, o Youtube está analisando o canal do vereador do Rio na plataforma.
"O caso em questão está sob análise. Quando não há violação à política de uso do YouTube, a análise final sobre a necessidade de remoção de conteúdo cabe ao Poder Judiciário, nos termos do Marco Civil da Internet", informou a plataforma, em nota, explicando como funciona o processo.
"Para manter a plataforma uma comunidade segura e auxiliar no processo de análise dos conteúdos, contamos com uma combinação de inteligência de máquina, revisores humanos e denúncias de usuários para identificar material que possa estar em desacordo com as nossas regras. Qualquer pessoa que acredite ter encontrado um conteúdo no YouTube em desacordo com as nossas diretrizes pode denunciar o vídeo ou o canal por meio da plataforma", informou, em nota, o Youtube.
Marcas entram em campanha
Até agora, 15 empresas já aderiram à campanha #DesmonetizaGabrielMonteiro. Uma manobra tem impacto direto na monetização do canal, que, antes das denúncias, podiam render até R $400 mil, quase 28 vezes mais do que o subsídio da Câmara, que é de R$ 14.346,73.
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"Quanto mais ele produzir (esse tipo de conteúdo) mais vai ganhar. Nossa lógica é desmonetizar o conteúdo, para que ele pare de ganhar dinheiro com isso", explicou Leonardo Leal, diretor jurídico da Sleep Giants Brasil, movimento criador da campanha #DesmonetizaGabrielMonteiro.
Terceiro nome mais votado para a Câmara do Rio, com 60.326 votos, ele é alvo de uma série de acusações, entre elas estupro e assédios moral e sexual. Ele também teve a veracidade de seus vídeos colocada em xeque. O Fantástico mostrou reportagem em que Monteiro instrui uma criança a falar que estava com fome. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e pelo MP.
As denúncias fizeram com que marcas e empresas retirassem anúncios veiculados em seu canal. A campanha #DesmonetizaGabrielMonteiro, encabeçada pela Sleep Giants Brasil, movimento contra o financiamento de discursos de ódio e de fake news, já mobilizou 15 empresas.
Não basta tirar as principais, que do lucro (para o canal) e elas irem sendo substituídas por outras. O objetivo é conseguir o maior número possível de adesões — disse Leal, que pretende atingir entre 100 e 200 marcas, para evitar a propagação de conteúdo nocivo, comportamento desinformativo e odioso, além de grande alcance de suas publicações.
'Proibido comportamento ofensivo'
O YouTube não divulga o quanto Gabriel Monteiro ganha, efetivamente, com o seu canal. Mas dá as diretrizes das Políticas de Monetização de Canais e o Código de Responsabilidade dos Criadores e o Código de Responsabilidade dos Criadores.
As normas "estabelecem que não é permitido comportamento ofensivo que coloque em risco a segurança e o bem-estar da comunidade do YouTube, formada por espectadores, criadores e anunciantes. A violação dessas políticas pode fazer com que o canal seja suspenso do Programa de Parcerias do YouTube e, consequentemente, ser desmonetizado".
De acordo com cálculos feitos pelo especialista em marketing na internet, Thiago Martins, a pedido do Globo, um influenciador com o número de seguidores e de visualizações que Gabriel Monteiro possui pode arrecadar com suas postagens até R$ 400 mil, por mês. O especialista estima que a receita anual por atingir R$ 5,6 milhões.
Thiago Martins explica que o montante varia muito e depende da quantidade de posts patrocinados. Mas, tomando como exemplo uma única postagem que teve cerca de 12 milhões de visualizações, ele acredita que apenas esse vídeo, de 8,5 minutos e que mostra o vereador acompanhando policiais na visita à casa de um homem acusado de maus-tratos a animais, pode ter gerado até R$ 22 mil.