Zambelli diz que "se arrepende" de ter perseguido homem com arma na véspera do segundo turno
Deputada federal responde pelo caso no STF, que formou na semana passada maioria para a sua condenação; julgamento foi suspenso por pedido de vista do ministro Nunes Marques
Em meio ao julgamento de seu caso no Supremo Tribunal Federal (STF), a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) disse que "se arrepende" de ter perseguido um homem com uma arma em São Paulo, na véspera do segundo turno de 2022.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, a parlamentar também afirmou que se sente "abandonada" pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e contou ter ficado "chateada" ao ter sido culpada pela derrota dele para Lula na disputa presidencial de 2022.
Questionada sobre o episódio, Zambelli relatou ter reagido a ofensas proferidas contra ela por Luan Araújo, que seria perseguido posteriormente, e disse ter ouvido um tiro disparado por um policial que caiu no chão.
A parlamentar, no entanto, afirmou que deveria ter entrado no carro e ido embora no momento, como fazia havia feito em outras ocasiões em que tentavam discutir com ela.
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— Esse dia foi o único dia em que eu não saí, infelizmente. Mas me arrependo, deveria ter saído — disse a deputada.
Por conta da ação, Zambelli responde no Supremo Tribunal Federal (STF) por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento com emprego de arma de fogo.
A Corte já formou maioria para condená-la a cinco anos e três meses de prisão, mas o julgamento foi suspenso após pedido de vista do ministro Nunes Marques. O magistrado tem até 90 dias para devolver o processo ao plenário virtual.
Ela também foi condenada à cassação de seu mandato na Câmara e à inegibilidade pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), após a disseminação de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas. A defesa da parlamentar, no entanto, deve recorrer e levar o caso para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Reação à acusação feita por Bolsonaro
Durante a entrevista, ela também relatou ter recebido com um "peso nas costas" a afirmação de Bolsonaro de que o momento teria sido o responsável por sua derrota para Lula em 2022.
Em entrevista ao podcast Inteligência Ltda. na semana passada , o ex-mandatário disse que a atitude da parlamentar foi "muito prejudicial" para a sua campanha e "excelente" para quem não o apoia. Em resposta, Zambelli disse que ficou "chateada" ao ouvir isso do aliado.
— Eu discordo do presidente Bolsonaro. Eu acho que atrapalhou, sim. Mas não teve vários dias de divulgação dessa imagem. Foi simplesmente meio dia. Não acho que tanta gente tenha mudado de opinião em relação ao voto que daria — respondeu. — É um peso bastante grande ter ouvido aquilo.
A parlamentar, no entanto, disse que "não se arrepende" de ter apoiado Bolsonaro e disse que deve "continuar defendendo ele no que achar que é certo". Contudo, ela afirmou que não deve participar, a princípio, de manifestações organizadas por aliados nas próximas semanas em prol do PL da anistia, apesar de apoiar o projeto na Câmara.