Zambelli irrita presidente com xingamento, emoção de Contarato e voto pró-Dilma
Comissão vota o relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que pede o indiciamento de mais de 60 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
A CPI do 8 de janeiro vive nesta quarta-feira seus últimos momentos. No Congresso Nacional, titulares da comissão estão reunidos na última sessão para votar o relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Entre argumentos contrários e favoráveis ao texto da relatora, alguns parlamentares da base e da oposição ganharam destaque.
Logo no início da reunião, Carla Zambelli (PL-SP) , única deputada indiciada no texto da relatora, pediu direito de resposta ao presidente da CPI, Arthur Maia (União Brasil-BA), que foi concedido. Em seu tempo, contudo, a parlamentar irritou Maia, ao ler palavras de baixo calão na comissão.
Na ocasião, a bolsonarista falava que, após noticiar que havia sido indiciada, suas redes foram tomadas por xingamentos e leu um deles, de caráter pornográfico.
— Ontem, depois do pedido de indiciamento, eu coloquei no meu Twitter e os primeiros três comentários foram os seguintes. Me desculpe pelas palavras, mas vou ter que quebrar o decoro: "Tchau, pistoleira. Vai para a cadeia mam** a rol* do teu presidente genocida".
Neste momento, Arthur Maia repreendeu Zambelli e pediu para que expressões como essa não fossem usadas na reunião:
— Vou pedir para a senhora evitar isso nessa CPMI. Estou lhe concedendo a palavra com todo respeito, mas aqui não é lugar de se falar pornografia. A senhora, por favor, contenha a sua fala, respeite esse ambiente porque não é razoável a senhora vir para cá tratar dessa forma — disse.
Zambelli argumentou que estava apenas lendo um comentário e disse ser vítima da CPI, por ter sido indiciada sem ter sido convocada para prestar esclarecimento. Em seguida, Arthur Maia solicitou que as expressões pornográficas fossem retiradas das notas taquigráficas da sessão.
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Nikolas debocha de Contarato
Também no início da sessão, ao dar o seu voto a favor do relatório, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) falou sobre homofobia que ocorreu durante os trabalhos no colegiado.
— Nós vivemos aqui numa casa que é sexista. Nós vivemos ainda numa casa que é misógina e homofóbica. Nós tivemos aqui uma deputada que foi tratada com pronome masculino, não por mero desleixo, mas como uma demonstração do comportamento homofóbico — disse.
Ao fundo, é possível escutar o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) em tom de deboche: "Me emocionei". A fala causou risadas entre os bolsonaristas.
Recado para Bolsonaro
Um voto em específico gerou grande mobilização nas redes sociais, o do Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ). Na manhã desta quarta-feira, o termo "pastor" ficou entre os assuntos mais comentados do X (antigo Twitter). Isto porque, ao votar pelo relatório de Eliziane Gama, o psolista rememorou o voto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no impeachment de Dilma Rousseff (PT).
— Dedico meu voto a Dilma Rousseff, uma mulher que sofreu um golpe parlamentar misógino. Se Bolsonaro elogiou o torturador, eu termino elogiando e homenageando a torturada (...) Em memória de Marielle, em homenagem a Dilma Rousseff. Sem anistia para golpistas — disse o deputado.
Em 2016, Bolsonaro louvou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra ao votar pelo impeachment de Dilma:
— Contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff. Pelo Exército de Caxias, pelas nossas Forças Armadas, por um Brasil acima de tudo e por Deus acima de todos, o meu voto é sim — disse o ex-presidente que, à época, era deputado.