Zema evita comentar denúncia da PGR contra Bolsonaro: "Não sou advogado"
Em coletiva de imprensa no Rio, governador de Minas Gerais criticou o judiciário brasileiro que, em sua avaliação, tem 'condenado e descondenado' pessoas ao 'sabor do momento'
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), evitou comentar nesta segunda-feira a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista coletiva, após evento na Firjan no Rio de Janeiro, Zema fez acenos aproveitou para criticar o judiciário brasileiro.
Segundo o governador, a Justiça estaria "condenado e descondenado pessoas" de acordo com o "sabor do momento", o que levaria o sistema a um suposto descrédito.
— Acho que precisaríamos ter mais imparcialidade e todos tem amplo direito de defesa, e devem responder por seus erros. Não sou jurista, não sou advogado, mas a nossa Justiça tem sido infelizmente pródiga — disse o governador.
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Como antecipou Bela Megale, o silêncio de Zema sobre a denúncia incomodou aliados de Bolsonaro. A avaliação do entorno do ex-presidente foi de que o mineiro quer herdar o espólio do ex-presidente e concorrer ao Palácio do Planalto no ano que vem, mas não se preocupou em defendê-lo.
Zema também fez acenos a Bolsonaro e o defendeu como o melhor nome para concorrer à Presidência em 2026, apesar de reconhecer que o imbróglio em torno de sua inelegibilidade atrapalha a definição da direita.
— Presidente Bolsonaro seria o candidato mais viável da direita. Acho que todos os governadores tem plena ciência disso e na minha opinião estariam apoiando. Agora, aguardar o que vai acontecer com ele. Nossa Justiça é lenta e isso acaba gerando uma dúvida sobre quem será o candidato (da direita). O melhor seria ele.
O argumento de que não é jurista ao falar sobre Bolsonaro já havia sido usado por Zema em entrevista concedida ao GLOBO em janeiro deste ano. Ao ser questionado sobre o indiciamento da Polícia Federal na trama do golpe, deu uma declaração parecida:
— Eu não sou jurista, não sou formado em Direito. Sou formado em Administração. Não tive acesso aos autos, mas se há indícios fortes, que seja investigado — afirmou, à época.