Zema rechaça candidatura à Presidência e se diz "diferente" de Bolsonaro
Governador de Minas disse não ter parentes na máquina pública, como o ex-presidente
Três dias depois de pregar a união da direita e ter se tornado alvo de críticas, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) marcou posição para se afastar do ex-presidente e aliado Jair Bolsonaro (PL).
Na conferência Lide, em São Paulo, o mineiro afirmou ser diferente do ex-mandatário e disse que não será candidato nas eleições presidenciais de 2026.
— Gostaria muito mais de apoiar um nome bom que venha surgir pela direita, como fiz ano passado com o presidente Bolsonaro. Lembro que apoiei o Bolsonaro muito mais em virtude de ter visto o estrago que aquele partido (PT) fez no Brasil e em Minas, do que concordar com as propostas — disse.
O governador também defendeu a possibilidade do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) lançar um candidato único. Neste contexto, assegurou que apoiará este nome que, em sua avaliação, deve ser o mais competitivo.
Após a palestra, em coletiva de imprensa, pontuou diferenças com o ex-presidente, criticando a gestão do governo federal passado durante a pandemia:
— Sou de um partido diferente dele. Durante a pandemia, tive uma posição totalmente diferente da dele. Tanto é que Minas Gerais foi o estado, excluindo Norte e Nordeste, com a menor taxa de mortalidade no Brasil. É um exemplo claríssimo (de diferença).
Entre as dissonâncias, o governador alfinetou Bolsonaro:
— Em Minas Gerais, apesar de nós termos 320 mil funcionários públicos, eu não tenho nenhum parente (lotado em cargo público). Então, também temos aí uma diferença. Família para lá, negócios e carreiras para cá. São diferenças — afirmou.
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Críticas em evento conservador
No último sábado, Zema participou do CPAC Brasil, congresso conservador organizado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Na ocasião, pregou a união da direita, mas terminou interrompido por uma espectadora que assistia à palestra e afirmou ter sido demitida da Companhia de Saneamento, Copasa, por não ter se vacinado. Em seguida, o governador deixou o palco.
O discurso, contudo, não agradou os apoiadores do ex-presidente. No Twitter, o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten fez inúmeras críticas.
"O presidente @jairbolsonaro vem sendo perseguido desde janeiro 23. Não tem nenhuma ligação no meu celular, que está à disposição 24/7 ligado, de ninguém pregando união, nem oferecendo solidariedade, nem sugestão, nem nada. É tudo jogo de oportunismo político", escreveu.