DESCONTENTAMENTO

Zema reclama de ''má vontade enorme'' do Governo Federal

Declaração se refere à repactuação do acordo de indenização envolvendo o rompimento da barragem mineradora Samarco, em Mariana

Governador de Minas Gerais, Romeu Zema Governador de Minas Gerais, Romeu Zema  - Foto: Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil

O governador Romeu Zema (Novo) afirmou, nesta terça-feira (31), que o Governo Federal tem "má vontade" com Minas Gerais e argumentou que, em relação à União, "tudo tem uma restrição" para o estado. A declaração ocorreu em um debate com empresários, promovido pela Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB).

A fala de Zema se refere à repactuação do acordo de indenização envolvendo o rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana, em novembro de 2015, que tramita na Justiça Federal. A informação foi noticiada pelo jornal Estado de Minas.

— O Governo Federal tem colocado obstáculos, mas já deixamos claro que se eles não assinarem até o final do ano, Minas e Espírito Santo vão fazer um acordo que diz respeito aos estados para provar que é possível, sim, que o que está havendo do governo federal hoje é uma má vontade enorme. Parece que tudo que é para Minas Gerais tem uma restrição, isso aí está claríssimo. Tudo que é para cá é mais difícil ou impossível — disse o governador.

O governador pontuou ainda que o acordo vai sair “de um jeito ou de outro”. O prazo final para a repactuação está marcado para 5 de dezembro de 2023, de acordo com cronograma em curso no Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6).

Parlamentares de oposição ao governo de Zema rebateram a acusação do chefe do Executivo. A deputada estadual Lohanna França (PV) argumentou que Minas Gerais é o segundo estado que mais vai receber recursos federais do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Ela sustentou também que Zema precisa do governo federal, mas toma decisões “atabalhoadas”.

— Ele faz tudo isso para que qualquer proposta que o Estado faça à União, de fato, encontre alguma resistência. Mas não é isso que ele vai enfrentar. O governo Lula não é um governo que tem perspectiva de retalhar adversários políticos — apontou Lohanna.

Além das críticas frequentes ao governo Lula e ao PT, Zema também vem registrando, no passado recente, atritos com aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem apoiou no segundo turno do ano passado. Em setembro, durante uma conferência, o mineiro afirmou ser diferente do ex-mandatário e disse que não será candidato nas eleições presidenciais de 2026.

— Gostaria muito mais de apoiar um nome bom que venha surgir pela direita, como fiz ano passado com o presidente Bolsonaro. Lembro que apoiei o Bolsonaro muito mais em virtude de ter visto o estrago que aquele partido (PT) fez no Brasil e em Minas, do que por concordar com as propostas — afirmou na ocasião, quando também frisou "não ter nenhum parente" em cargo público e criticou a gestão do ex-presidente em meio à pandemia da Covid-19.

A fala não foi bem recebida no núcleo duro do bolsonarismo. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ironizou uma suposta intenção de "unir a direita" e pontuou que ele e os irmãos "bem eleitos graças ao Jair Bolsonaro". Já o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos) chamou Zema de "insosso e malandro" em um longo desabafo nas redes sociais.

Como revelou a colunista Bela Megale, do Globo, a postura de Zema gerou um apelido nas rodas de políticos de Brasília: ele passou a ser chamado de “Ciro Gomes da direita”. A comparação tem sido feita sob o argumento de que o governador vem adotando gestos errados e se isolando dentro da própria direita, como teria feito Ciro Gomes, ex-candidato à Presidência, entre os partidos de esquerda.

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