Zico Bacana já prestou depoimento à DH sobre o homicídio de Marielle; ele morreu nesta segunda (7)
Na época, ele era vereador e afirmou que tomou conhecimento do assassinato da então colega da Câmara dos Vereadores por meio de um grupo de mensagens
O ex-vereador Jair Barbosa Tavares, o Zico Bacana, de 53 anos, foi um dos primeiros parlamentares a ser ouvido pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.
Em seu depoimento no dia 5 de abril de 2018, como testemunha, Zico Bacana contou aos investigadores que conheceu a vereadora durante o exercício parlamentar na Câmara dos Vereadores.
No início da noite desta segunda-feira (7), o ex-vereador foi baleado numa emboscada, em companhia do irmão Jorge Tavares, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio. Ambos morreram.
Leia também
• Ex-vereador Zico Bacana é morto na Zona Norte do Rio de Janeiro
• Caso Marielle: quem é e como atua o PM que integra a organização criminosa de Ronnie Lessa no RJ
Na época em que prestou depoimento, Zico Bacana disse que, no dia do homicídio da parlamentar, ele deixou a Câmara dos Vereadores, por volta de 18h. De lá, foi ao restaurante Amarelinho, também na Cinelândia, onde fica a Casa legislativa, acompanhado da mulher e de dois sobrinhos, ficando por lá duas horas e meia.
Como havia jogo do Flamengo, resolveu ir para casa com a família para ver o jogo. Às 22h, segundo ele, soube da morte de Marielle por meio de um grupo de WhatsApp de vereadores.
Perguntado pelo titular da DHC, delegado Giniton Lages, então responsável pelo inquérito, se ele já teve algum atrito com Marielle, dentro ou fora da Câmara, o ex-vereador e atual suplente Zico Bacana negou. Ele disse ainda que sua relação com a vítima se restringia ao convívio na Casa.
O delegado foi ainda mais enfático ao questioná-lo sobre os embates políticos na tribuna protagonizados pela vereadora. Foi quando Zico Bacana, que também é policial militar da reserva, respondeu que, "Marielle, normalmente, usava a palavra para atacar as instituições governamentais, sobretudo, a Polícia Militar do Rio de Janeiro".
O então vereador disse ainda que "Marielle nunca temeu em seus discursos em se posicionar desfavoravelmente às atuações que eram realizadas corriqueiramente pela Polícia Militar no Rio de Janeiro, no enfrentamento do crime cotidiano, sendo certo que para Marielle, aquelas atuações, via de regra, eram consideradas arbitrárias".
Em depoimento, Zico Bacana deu como exemplo a morte da estudante Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, na quadra de esportes da Escola Municipal Jornalista e Escritor Daniel Piza, em Acari, no dia 30 de março de 2017, quando a perícia confirmou que o tiro partiu da arma de um policial militar.
Ele lembrou que, na semana do assassinato de Marielle, soube pela imprensa, que a vereadora acusou policiais do 41º BPM (Irajá) de agredirem jovens em Acari, após uma operação policial. Os policiais eram do mesmo quartel do agente acusado de matar Maria Eduarda, um ano antes.
Zico Bacana confirmou fazer parte da "Bancada da Bala" da Câmera dos Vereadores, justificando que, por ser policial militar, colegas parlamentares o classificaram como integrante do grupo que defende o uso de armas por civis.
Também admitiu que foi investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias, em 2008, ao ser citado no relatório produzido pelo presidente do estudo, o então deputado estadual Marcello Freixo.