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CULTURA

Diplomação dos novos Patrimônios Vivos do Recife será amanhã (5)

Cerimônia acontece no Teatro Apolo

Tribo de Caboclinhos Tupi Tribo de Caboclinhos Tupi  - Foto: Marcos Pastich/ Prefeitura do Recife

Cerimônia acontece no Teatro Apolo, a partir das 10h, inscrevendo definitivamente a Associação Cultural e Quadrilha Junina Origem Nordestina, a Tribo de Caboclinhos Tupi, a parteira Edileusa Maria da Silva e o porta-estandarte José Fernando Alves Zacarias na posteridade cultural da cidade de tantas e tão antigas tradições

Confirmando um democrático e cuidadoso processo de seleção e celebração da história e da cultura do Recife, a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, realiza nesta sexta-feira (5) a cerimônia de diplomação dos novos Patrimônios Vivos da cidade. Definitivamente inscritos na posteridade da memória cultural recifense, a Associação Cultural e Quadrilha Junina Origem Nordestina, a Tribo de Caboclinhos Tupi, a parteira Edileusa Maria da Silva e o porta-estandarte José Fernando Alves Zacarias receberão diplomas e aplausos no Teatro Apolo, a partir das 10h.

Na segunda edição do concurso, o registro municipal vai garantir bolsas de incentivo mensais, nos valores reajustados (de acordo com a Lei 18.827/2021) de R$ 1.921,06 e R$ 2.561,41, para indivíduos e coletivos artísticos, respectivamente, em caráter vitalício. A escolha foi concluída no último dia 7 de dezembro, em reunião extraordinária do Conselho Municipal de Política Cultural, realizada na sede do Conselho, no Pátio de São Pedro, reunindo representantes da sociedade civil e governamentais.

O processo contou com três etapas anteriores: as análises documental e qualitativa das propostas, esta última realizada por uma comissão especial, com participação de representantes de notório saber da sociedade civil, a partir de critérios como a relevância do trabalho desenvolvido, a idade/tempo de existência, a situação de carência social e o risco de desaparecimento enquanto manifestação cultural, além das audiências públicas para defesa de suas candidaturas, que culminaram na já referida reunião do Conselho.

Concorriam ao título 20 defensores das manifestações culturais recifenses, que se sagraram finalistas, após quatro etapas de avaliação das candidaturas: validação documental, avaliação de mérito, a partir da documentação apresentada, a defesa pública de candidaturas, além da votação final, pelos conselheiros de Cultura.

Sobre os novos Patrimônios Vivos do Recife:

ASSOCIAÇÃO CULTURAL E QUADRILHA JUNINA ORIGEM NORDESTINA

Nascida aos pés da santa, no Morro da Conceição, Zona Norte da cidade, a Origem Nordestina é devotada às mais genuínas tradições culturais da Região que carrega até no nome. Fundada em 1994, traz uma singularidade: foi a primeira quadrilha a ter como presidenta e marcadora uma travesti, popularmente conhecida como Suelane Tigresa, celebrando a diversidade como compromisso, lema e tema constante a pautar seus espetáculos, sempre pioneiros no enfrentamento a questões como racismo religioso e desigualdades de gênero e renda.

Dedicada o ano inteiro à cultura popular recifense, a quadrilha mantém estreitas relações com agremiações e ciclos culturais vizinhos, trocando experiências e compartilhando estruturas, recursos, sonhos, esperanças e até integrantes com grupos como as escolas de samba Galeria do Ritmo, também do Morro da Conceição, e Gigante do Samba, da Bomba do Hemetério. Tradição não rima com união por acaso.

TRIBO DE CABOCLINHOS TUPI

Fundado em 17 de julho de 1938, no bairro de Tejipió, o Tupi é uma das mais tradicionais agremiações carnavalescas da cidade, tendo já conquistado títulos de campeã e vice campeã no Concurso de Agremiações, realizado pela Prefeitura do Recife. Atualmente, o grupo está sediado no bairro da Mangueira e conta com 200 integrantes, que celebram as tradições dos povos originários do Brasil, misturando dança, música e o colorido das fantasias, protagonizadas por coloridos cocares, enfeitados com penas e brilhos.

EDILEUSA MARIA DA SILVA

Edileusa Maria da Silva nasceu em 1 de dezembro de 1956, em Vitória de Santo Antão, trazida ao mundo pelas mãos habilidosas de uma parteira. Aos cinco anos, mudou-se com a família para o Recife. Começou a trabalhar muito cedo, mas sua verdadeira vocação, ela descobriu, por acaso, aos 32 anos, quando precisou fazer o parto de uma vizinha que não conseguiu chegar a tempo no hospital. A notícia correu ligeiro no Loteamento Jardim Eldorado, em Guabiraba, onde Edileusa mora até hoje. E ela começou a ser procurada por gestantes das redondezas.

Especializou-se no ofício de parteira e hoje é detentora de um vasto repertório de saberes e práticas populares ancestrais, que vão desde o acompanhamento pré-natal, assistência ao parto e atenção aos cuidados de resguardo, amamentação e reabilitação de puérperas, além do cuidado com toda a família. No seu quintal, Edileusa cultiva várias plantas com aplicações medicinais, confirmando-se mais que parteira: guardiã de vidas

JOSÉ FERNANDO ALVES ZACARIAS

Seu Zacarias é um carnavalesco nato. Aos 80 anos de idade, nem pensa em aposentar o estandarte. Sua missão no mundo, garante, é carregar a arte, para que nunca lhe falte destaque em passarela nenhuma. Nascido no Fundão, em 1943, apaixonou-se cedo pelo Carnaval. Confeccionava seus estandartes de papel de seda e cabo de vassoura, para brincar pelas ruas do bairro onde nasceu e cresceu. Seu primeiro desfile como porta-estandarte oficial, foi em 1972, com a Troça Carnavalesca Mista Abanadores do Arruda e o Clube das Pás Douradas.

Sempre com seu figurino impecável - roupa, sapato, meião e peruca inspirados em Luís XVIII, rei da França no século 18 -, desfilou em vários blocos: Lenhadores, Bola de Ouro, Clube Estrela de Paudalho, Vassourinhas, Marins dos Caetés, Pitombeira dos 4 Cantos, Nação Estrela Brilhante entre outros. É o primeiro e único porta-estandarte do Galo da Madrugada. Já recebeu 26 troféus e dezenas de homenagens, tendo vencido diversos concursos, ano após ano, com o estandarte na mão e o frevo no coração. Guardião de um ofício tradicional nas ruas coloridas de Momo, carrega toneladas de amor pela festa e um legado de muitas gerações de brincantes.

Sobre a Lei

Resultado de amplo debate, o Registro de Patrimônio Vivo Municipal representa a materialização de uma política pública de cultura que prioriza a promoção, a difusão e o fomento dos bens intangíveis do Recife, com o objetivo de salvaguardar, redimensionar espaços de ação e dar continuidade histórica de relevância para a memória cultural e artística da cidade. Concebido pela Secretaria de Cultura, o projeto foi encaminhado para a Câmara de Vereadores do Recife em junho de 2022. Após aprovação, a Lei foi sancionada no dia 9 de setembro.

Primeiros patrimônios

Revelando uma diversificada e fidedigna amostra das tradições culturais recifenses e de seus mais dedicados e antigos guardiões, os primeiros quatro Patrimônios Vivos do Recife, eleitos no ano passado, são a passista Zenaide Bezerra; Antônio José da Silva Neto, que assumiu a alcunha de Mestre Teté, à frente do Maracatu Almirante do Forte; além das agremiações históricas Pierrot de São José e Gigante do Samba, que há décadas desfilam e defendem a alegria, as raízes e a força da cultura recifense.

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