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Resgatando a Cidadania

Inclusão e acessibilidade nas ondas da Rádio Folha FM

“Resgatando a Cidadania” é único programa de rádio no Brasil a tratar unicamente da inclusão de pessoas com deficiência

Domingos SávioDomingos Sávio - Foto: Folha de Pernambuco

A Rádio Folha FM-96,7, que sempre defendeu temas relativos à inclusão e acessibilidade desde sua inauguração em 2004, reforçou essa bandeira a partir do dia 10 de março de 2018, quando teve início na emissora um programa inédito, produzido e apresentado por um radialista cego, idealizador do projeto. O Programa Resgatando a Cidadania surgiu com a única finalidade de ser um espaço para a divulgação das políticas públicas. Esse segmento forma um universo de 45 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, sendo 2,4 milhões do Estado de Pernambuco. Foi com essa proposta que surgiu a parceria da emissora com Domingos Sávio, cego de nascença, que assume os microfones da 96,7 todo sábado, do meio-dia às 13h30. 

“O programa é um espaço para mães, poder público, associações, artistas, cantores e pessoas que são ativistas dessa política de inclusão”, defende o apresentador. O programa abre espaço para a interatividade com o público-alvo e, logo no início, o ouvinte recebe a mensagem de otimismo, depois vem a agenda da inclusão, com informações de eventos de interesse desse segmento da sociedade. Também tem o quadro Mercado de Trabalho, com o advogado trabalhista e previdenciário Ney Araújo. Na sequência, Seu Direito, informações sobre os direitos das pessoas com deficiência e como garantir sua aplicação. Nos Bastidores da Inclusão, com Antonio José Ferreira, um dos idealizadores da Lei de Inclusão no País, e entrevistas com artistas e personalidades com deficiência, que falam sobre suas experiências, lutas e conquistas. “Temos um programa produzido e apresentado por um cego e dirigido a todos os tipos de deficiência. Esse é o nosso grande diferencial”, afirma Domingos Sávio.

Nesses anos de apresentação do Resgatando a Cidadania, o radialista fez alguns programas ao vivo de eventos de inclusão no Instituto dos Cegos do Recife e até em outros Estados. Domingos, inquieto e criativo por natureza, em tempos de Covid-19 consegue manter o programa no ar com apresentação online. É de sua casa que comanda o programa e cria novos espaços, como o I Festival da Música da Pessoa com Deficiência e agora o Arraial Inclusivo, que vai transmitir entrevistas com artista do forró de cada estado nordestino durante todo este mês de junho. O apresentador, que também é músico, possui uma banda de forro pé-de serra formada só por cegos, a Luar do Sertão. Sávio é hoje uma das lideranças da inclusão no Brasil e criador do Prêmio Microfone Braile, entregue no Instituto de Cegos do Recife e que reconhece personalidades importantes para questões de acessibilidade das pessoas com deficiência.

Hereditariedade
A família de Domingos sofre de uma doença hereditária, a retinose pigmentar - ainda sem cura -, que cegou 17 pessoas, incluindo ele, o pai, irmãos e irmãs. Mesmo com dificuldades físicas, todos sempre participaram de atividades na roça. Desde menino, ele fez sua própria bengala, com um pedaço de madeira e uma ponta de bala na extremidade, para poder andar pelo sítio. “Assim, reconhecia todo o espaço a meu redor, já que minha família não sabia como cuidar de  pessoas cegas e me deixava solto, muito por despreparo mesmo. No fim das contas, foi bom, pois me tornei independente”, lembra Sávio.

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