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Mortalidade por câncer de mama no Brasil aumenta 86,2% nas últimas duas décadas

Os exames de imagem têm grande importância para o diagnóstico precoce do câncer de mama, alcançando taxas de cura superiores a 95%

Foto: freepik.com

Um novo estudo revelou um aumento de 86,2% na taxa de mortalidade por câncer de mama no Brasil e aqueceu o debate sobre o tema entre médicos e pesquisadores da doença. O levantamento recém-divulgado pela Umane (SP), associação civil dedicada ao apoio às iniciativas de saúde pública, cruzou dados do Sistema de Informações da Mortalidade (SIM/SUS) e observou que a taxa subiu de 9,4 por 100 mil habitantes em 2000 para 17,5 em 2022. Ao mesmo tempo, a mortalidade pela doença reduziu na maioria dos países nas últimas décadas. É um resultado desastroso para nossa população, fruto de múltiplos fatores, como as modificações negativas nos hábitos de vida, o diagnóstico da doença em um estágio avançado e a dificuldade de acesso ao tratamento. 


Quando diagnosticado precocemente, o câncer de mama alcança taxas de cura superiores a 95%. É fundamental que as mulheres em idades mais susceptíveis realizem o autoexame mensal e os exames de imagem de rastreamento periódicos, que permitem a detecção da doença no estágio inicial. A mamografia é o principal exame e deve ser realizada anualmente na mulher a partir dos 40 anos, de acordo com várias sociedades médicas. Para falar sobre o assunto com mais detalhes, Patrícia Breda, âncora da Rádio Folha 96,7, conversou no Canal Saúde com a radiologista do Centro de Diagnóstico Lucilo Ávila, Mirela Ávila que falou sobre os dados preocupantes de câncer de mama no Brasil

Radiologista do Centro de Diagnóstico Lucilo Ávila, Mirela Ávila. Foto: Divulgação

 


“É observado claramente que a mortalidade do câncer de mama no Brasil aumentou e vai de contra o que está acontecendo no resto do mundo. O que é que a gente tá fazendo errado? Estamos na verdade observando obviamente o envelhecimento populacional que faz com que a gente tenha maior incidência de câncer, mas não justifica que a gente tenha um aumento de mortalidade em todas as faixas etárias de acometimento. E aí a gente volta para olhar, o que é que tá acontecendo no diagnóstico e no acesso ao tratamento? O que a gente observa é que existe uma falha muito grande no diagnóstico de uma fase onde o câncer ainda seria curável, na fase precoce e existe também uma dificuldade grande de acesso daquela mulher diagnosticada com câncer de mama para que chegue efetivamente a um tratamento eficaz. Para que a gente consiga diagnosticar precocemente a gente precisa rastrear essa doença no estágio onde ela ainda não é avançada, onde ela ainda não está completamente instalada de uma forma determinada e isso a gente consegue ver através do exame de imagem."


A especialista citou os problemas de acesso ao diagnóstico no Brasil

 

“Temos uma dificuldade muito grande de acesso aos ambientes diagnóstico começando exatamente pela cobertura mamográfica, entende-se por todos dados médicas mundiais, e todos os protocolos que a mulher deve começar a fazer mamografia a partir dos 40 anos de idade pelo menos uma vez no ano e é assim que a gente conseguiria detectar a doença precocemente. No Brasil, a mulher tem direito a realizar uma mamografia apenas a partir dos 50 anos de idade, só que 40% dos diagnósticos estão ocorrendo antes dessa faixa etária, então a gente não está dando acesso às mulheres a conseguirem diagnosticar a doença através de um exame de rastreamento para que se consiga achar a doença que ainda não está visível, e clinicamente falando que ainda não está palpável. Ela é vista apenas nos exames de imagem e se eu não dou essa possibilidade de a mulher realizar o exame de rastreamento, não conseguimos ter maior chance de cura."

 


Ficou interessado? Ouça o podcast completo acessando o link abaixo.


https://open.spotify.com/episode/43dJSeGuf3Vw4tsVNc8vuF?si=lz0C6sFFTr2Qrp5HbFUs_A&nd=1&dlsi=b333b078b350454a

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