Os problemas com uso inadequado de eletrônicos
Os problemas são causados, em geral, pela postura errada ao utilizar tais dispositivos, além do uso excessivo e movimentos de repetição
Presentes na rotina diária de muita gente, os celulares, tablets e notebooks nos conectam ao mundo, mas esses aparelhos que trouxeram praticidade e agilidade para a nossa vida, escondem riscos, principalmente quando não usados corretamente, podendo gerar danos à saúde. A má postura no ambiente de trabalho e ao usar dispositivos eletrônicos vêm causando cervicalgias (dores na coluna cervical) e dores na região dos ombros e cotovelos. Os problemas são causados, em geral, pela postura errada ao utilizar tais dispositivos, ou seja, uso excessivo e movimentos de repetição. Já existe até um nome para um mal que atinge cada vez mais pessoas, é o text neck (ou pescoço de mensagem de texto). Trata-se de dores na região cervical e na cabeça, causadas pela inclinação do pescoço ao digitarmos ou lermos textos em telas.
O crânio de um adulto pesa em média 6 kg e a cada centímetro de inclinação esse peso aumenta em 1 kg. Dependendo do grau de inclinação, o peso pode chegar a 27 kg. Quem suporta todo esse peso é a coluna cervical, por isso posturas inadequadas acabam descompensando este eixo, causando uma sobrecarga no mecanismo de sustentação cervical.
Sabemos que os dispositivos eletrônicos hoje fazem parte da nossa vida, mas o médico reforça que é preciso manter a atenção na posição do corpo quando estiver utilizando aparelhos eletrônicos e explica qual é a postura ideal é manter uma distância recomendada em relação à tela do computador com os olhos é entre 60 a 90 cm, em que a altura dos olhos deverá estar coincidindo com o topo da tela. Já a região cervical deverá estar alinhada com os ombros. Os cotovelos deverão estar levemente flexionados e os punhos levemente pronados (com a palma da mão para baixo) de forma confortável
Em relação ao uso do smartphone, o recomendado é tentar manter a tela na altura dos olhos, evitando a inclinação do pescoço e para acabar com esses problemas, é importante praticar uma boa ergonomia ao usar dispositivos eletrônicos, fazer pausas frequentes para se levantar, se alongar e se mover, ajustar a altura dos monitores para que estejam ao nível dos olhos e escolher equipamentos ergonômicos sempre que possível. Além disso, é importante buscar tratamento médico se estiver experimentando dores crônicas ou graves na coluna. E para falar sobre o assunto com mais detalhes, Jota Batista, âncora da Rádio Folha 96,7 FM, conversou no Canal Saúde com o Médico ortopedista Túlio Rangel, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Recife (IOT)
O especialista alertou para os cuidados necessários com a postura
"Cuidados, principalmente com o pescoço. No caso do pescoço, a gente acaba se adaptando ao celular, seja em qualquer situação, então durante o almoço, ou à noite antes de dormir. Logo de manhã cedo quando acorda eu acho que 90% das pessoas é a primeira coisa que a gente faz é pegar o celular e ver se tem alguma mensagem e isso é um problema. Inclusive para os adultos e para as crianças, então a necessidade é de restringir ou pelo menos ter atenção a algumas regras, normas, orientações. E vai além das dores, vai também no caso das crianças por exemplo em relação ao distúrbio do sono, em relação a problemas de atenção, problemas visuais pela iluminação das telas. Então é muito mais amplo do que a gente imagina”
O médico ortopedista fala sobre sua experiência de pacientes na pós pandemia
“Nessa fase pós pandêmica, os primeiros de pandemia onde todos estavam em casa, tanto em relação à escola quanto em relação ao trabalho e obviamente não havia escritórios ou ambientes para todos que necessitavam disso, ambientes realmente adaptados, ambientes com suporte para notebook, por exemplo ou cadeira com ajuste de altura, ajuste de encosto. Então o que que a gente fazia era se adaptar, pegávamos aquela cadeira da cozinha, da sala pra ser nossa cadeira de escritório. A gente pegava um livro pra colocar embaixo do notebook ou usava um tablet para tentar assistir à aula pelo tablet. Mas isso não era o suficiente para promover um bem-estar e um bom posicionamento do corpo. Então logo após o período da pandemia, eu recebi vários pacientes com dor nas costas em pessoas jovens, adolescentes ou mesmo mais velhos que nunca tinham dor nas costas ou tinham com uma frequência muito baixa.”
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