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POLUIÇÃO

Pesquisa da qualidade da água do Rio Beberibe revela presença de substâncias tóxicas

Estudo foi realizado por estudantes e pesquisadores da Unifafire e será apresentado durante o XXI Congresso de Iniciação Científica na instituição, nesta quinta-feira (23)

Rio Beberibe é alvo de pesquisadoresRio Beberibe é alvo de pesquisadores - Foto: Paula Regina Fortunato

O Rio Beberibe é alvo de uma pesquisa que acaba de ser realizada pelos alunos do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Frassinetti do Recife (Unifafire), localizada na região central da cidade. O Beberibe já teve grande importância histórica tanto para o abastecimento público, tendo em vista que no final do século 19 abastecia parte da população do Recife, como também pela dependência dos moradores de comunidades vizinhas, sob aspectos da pesca de subsistência, do uso voltado para o lazer, lavagem de roupas, criação de animais domésticos e até mesmo da comercialização de produtos.

Sob a coordenação da bióloga e pesquisadora Paula Regina Fortunato do Nascimento, professora do Centro Universitário, o estudo de monitoramento sazonal e avaliação da qualidade da água de um trecho da bacia hidrográfica do Rio Beberibe, localizado no Recife, foi feito de agosto do ano passado até esse mês, e será apresentado ao público nesta quinta (23), das 9 às 12h, durante o XXI Congresso de Iniciação Científica e 1ª Mostra de Atividade Extensionista promovida pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão (Nupex) da Unifafire.

A conclusão do estudo aponta a presença de cianobactérias potencialmente tóxicas.  As espécies normalmente surgem em ambientes aquáticos com algum grau de má qualidade, inclusive do processo de eutrofização, que é a poluição de corpos d´água, como rios e lagos, que acabam adquirindo uma coloração turva ficando com níveis baixíssimos de oxigênio dissolvido na água. O que acarreta a morte de diversas espécies animais e vegetais e tem um altíssimo impacto para os ecossistemas aquáticos. "Estas espécies também podem ser consideradas potencialmente produtoras de cianotoxinas (microcistinas, saxitoxinas e geosmina), podendo reduzir a qualidade da água, tornando-a imprópria ao consumo", enfatiza a pesquisadora.
 
De acordo com Paula Nascimento, os objetivos principais da pesquisa foram avaliar os principais danos e de que forma eles afetam a qualidade da água e por consequência a população do local. Ela diz que na pesquisa, foi identificada a ocupação irregular das margens do Rio, devido principalmente a construção de moradias. "Muitos são os problemas sociais que enfrentamos atualmente e a população não tem outras alternativas", ressalta. 

Outro ponto importante a ser destacado é a falta de saneamento básico ao longo do curso, o que faz com que a população despeje nele o esgoto doméstico e também realize o descarte irregular de diferentes tipos de lixo provocando o acúmulo de sedimentos no fundo do leito. Isso resulta em diversos problemas como a perda de biodiversidade local, o favorecimento do surgimento de doenças adquiridas em contato com as águas poluídas, o que torna sérios problemas de saúde pública e também pela promoção de enchentes em alguns trechos.
 
A conclusão do estudo financiado com recursos próprios da Unifafire deixa clara a necessidade de atenção e de um cuidado mais rigoroso do Poder Público. Para a pesquisadora, é preciso que haja a preocupação de criar projetos para requalificação, a exemplo do que foi iniciado pelo PAC Beberibe, com a proposta de realizar o saneamento básico em partes do seu trecho e de construir estações de tratamento. "Também é muito importante que haja um amplo trabalho de sensibilização ambiental com as comunidades que se utilizam do Rio, pois, na grande maioria, são elas que contribuem para a degradação em algumas situações. Se essa proposta fosse colocada em prática iria contribuir para a proteção desse grande patrimônio ambiental que juntamente com o Rio Capibaribe compõe a identidade natural de Pernambuco", considera.

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