Conheça a origem do rodízio, modelo queridinho dos brasileiros
O modelo de negócios gastronômico queridinho dos brasileiros surgiu na década de 60, e abre portas para uma maior gama quem se aventura nos sabores sem gastar tanto
Reza a lenda que o rodízio nasceu pelo sul do Brasil na década de 1960, mas ninguém sabe exatamente quem ‘inventou’ primeiro. Uns dizem que foi a ideia de gênio do churrasqueiro gaúcho Edwino Guilherme Mates, cujo apelido dá nome à Churrascaria Matias, que funciona até hoje em Porto Alegre-RS. Não muito longe de lá, em Curitiba-PR, o ex-caminhoneiro Jandir Caumo acredita ser a mente por trás do rodízio, quando trabalhava na churrascaria Blumenauense - também de portas abertas ainda hoje.
Ainda, existe a vertente de que a criação do rodízio não foi nenhuma invenção consciente para atrair caminhoneiros, mas fruto da necessidade. Saindo da região Sul e indo para o interior de São Paulo, no município de Jacupiranga, a Churrascaria 477 tem até uma placa reivindicando a autoria: “Aqui nasceu o rodízio”. Contam as histórias que o negócio foi a solução engenhosa para a trapalhada de um garçom, que não anotou os pedidos de todos os clientes, e resolveram servir as carnes para todo mundo.
Independente de quem criou, o que importa é que o modelo acerta em cheio nos desejos do cliente, tanto que encanta o brasileiro há cerca de 60 anos, e já deixou a exclusividade do ‘espeto corrido’ do churrasco para se adaptar a todo tipo de culinária, das regionais à italiana, árabe e japonesa, e até mesmo aos petiscos de boteco. Para o professor de Gastronomia do Senac Robson Lustosa, o rodízio se solidificou na cultura verde-amarela justamente por abrir portas para a variedade, democratizando a culinária.
“O rodízio oportuniza as pessoas a provarem variação de alimentos e preparações de qualquer tipo que seja”, explica. “Podemos até pensar que é mais econômico, quando possibilita que o comensal possa provar diferentes tipos de cardápio sem precisar escolher uma preparação, ou ter que comprar todas”.
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Somando o modelo de negócio à variedade do cardápio, há também entretenimento. Para a universitária Eduarda Batista, ir com os amigos torna a experiência mais agradável, e pode até compensar um custo-benefício não tão vantajoso.
“Poder comer sem precisar limitar a quantidade de comida e a variedade são os principais atrativos. Às vezes o rodízio em si nem vale tanto a pena por ser mais caro, mas quando a ocasião junta vários amigos para comer, o rodízio torna as coisas mais divertidas”, conta.
Rentabilidade
Eduarda representa uma ansiedade de quem se arrisca nesse modelo de negócio: como tornar rentável uma clientela que come à vontade com um preço único. “Em um rodízio de pizza, já comi 25 fatias. É até mais divertido com uma estratégia para comer mais. Com pizza, é não comer as bordas, e com sushi, é não beber nada enquanto come”, revelou a estudante.
Sócio do restaurante La Casa, Felipe Batista disse que nunca precisou lidar com clientes que comessem além da conta e trouxesse algum prejuízo, mas isso não significa que ele não se arma com algumas estratégias para proporcionar uma experiência culinária variada com a segurança de conter gastos imprevistos.
“Financeiramente, o rodízio não é a melhor opção, mas escolhemos fazer em um dia de semana, que não teríamos um fluxo tão grande de clientes, e faz com que muita gente conheça a casa”, disse. “O principal intuito é que o cliente experimente todas as nossas entradas em um único dia pagando um valor fixo”, completou.