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A imigração italiana completou 150 anos no Brasil; conheça os principais símbolos culinários

A data simboliza a importância do país europeu na popularização de ingredientes amados mundialmente

Ingredientes adorados em todo o mundo foram popularizados por mãos italianasIngredientes adorados em todo o mundo foram popularizados por mãos italianas - Foto: Freepik

Poucas culturas conseguem unir afeto e loucura numa única mesa. Provar da culinária italiana é se permitir ser de carne e osso. Livre e apaixonada, como a personagem de Julia Roberts devorando espaguete numa praça romana, em “Comer, Rezar e Amar”, ou cobiçoso e eufórico, tipo Alberto Sordi nas grandes garfadas de macarronada, no filme “Um americano em Roma”. Em ambas as cenas, uma Itália que soube conquistar o mundo pela barriga.

Embora sua culinária típica possua raízes que remetem ao século IV a.C., o contexto que aproxima aquele país europeu ao Brasil começa com a chegada de imigrantes há exatos 150 anos.

O marco foi celebrado em território nacional no último dia 21 de fevereiro, especialmente nas colônias da região Sul, onde as contribuições dessa diáspora são ainda mais evidentes.

Dois dos principais ingredientes da cozinha italiana: molho de tomate e massa. Crédito: Freepik

Livre de barreiras
Seja onde for, mesmo ao menor sinal de euforia italiana, é fácil perceber elementos que exaltam a valorização da boa mesa. A aptidão histórica para o comércio de alimentos reflete, até hoje, na popularização de vários ingredientes.

Segundo o pesquisador e professor do Senac-PE, Demetrius Cardoso, há alimentos que já viraram marca. Entre eles, o macarrão, que, embora seja de origem asiática, ganhou fama por mãos italianas. 

“O tomate, por exemplo, traz uma confusão, porque muita gente acha que veio de lá. Mas ele saiu daqui (continente americano), foi para lá e voltou como algo que passou a simbolizar muito a alimentação italiana”, aponta Demetrius.

Outro destaque é a farinha de trigo, “que não só origina vários tipos de macarrão, como traz uma variedade gigantesca de pães. Além de preparações com o próprio grão de trigo”, completa.

A lista é infinita. Além do parmigiano reggiano, conhecido como parmesão, há queijos como o gorgonzola, que poucos brasileiros remetem à Itália.

“Tem produtos originais da Emília-Romanha, como o vinagre balsâmico e o presunto de Parma, que levam a imagem da Itália para outros continentes. Isso sem falar nas variações do arroz e até nos cortes de carne suína”, completa Demetrius, reforçando insumos poucos conhecidos como originalmente italianos. 

Para pernambucano ver 
Mesmo com a presença mínima de imigrantes, Pernambuco tem mercado aberto para a gastronomia italiana. A quantidade de cardápios com produção ítalo-brasileira fala por si, enquanto revelam adaptações.

“Aqui, o cliente escolhe mais molho e mais queijo. Alguns italianos também gostam, mas a ideia também é sentir o sabor da massa”, justifica o chef Duca Lapenda, do tradicionalíssimo Pomodoro Caffè.

Outra diferença está no ponto da massa. No país europeu, ela é sempre al dente. “Que não quer dizer quase cru, mas com uma certa resistência à mordida. Aqui, a preferência é mais cozido”, completa Duca.

Adaptação que também alcança os queijos. “A maioria dos tipos italianos é de sabor intenso, fazendo a gente procurar algo mais familiar ao nosso paladar”, detalha Roccini Furetti, proprietário do Furetti Cucina.

Embora o chef equilibre o uso de ingredientes locais em seu restaurante, a exemplo dos vegetais, ele faz questão de manter o tomate importado. “Porque o nacional é mais ácido”, distingue.

Mas nada se compara às mudanças que abraçam um símbolo tão cultural como a pizza. Há quem veja produtos bem distintos.

Para o italiano e chef consultor no Brasil da farinha Molino Grassi, Massimiliano Laganà, o Nordeste gosta de massa com borda crocante, menos molho e muito queijo muçarela (triplique). Estilo que se desenhou depois de muito teste na cozinha e olhos sempre abertos para o salão.

“Não quer dizer que uma é melhor que a outra, mas possuem características saborosas”, finaliza Lagalà.

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