Boa alimentação pode ajudar contra o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
Nutricionista sugere controlar o consumo de glúten, corantes e itens industrializados
A dificuldade alheia de concentração pode soar banal numa roda de conversa. Mas quem, de fato, integra os 4% da população brasileira diagnosticada com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) sabe que a rotina de foco e assimilação é um processo desafiador. No entanto, o tratamento de controle e bem-estar pode começar na despensa de casa, com os nutrientes que cuidam da flora intestinal, que é uma parte do organismo diretamente conectada com o cérebro.
Não à toa, estudos mostram que pacientes com desordens neurológicas e psiquiátricas têm sintomas gastrointestinais. Outros que apresentam doenças funcionais gastrointestinais têm sintomas neurológicos. “Razão para intestino e cérebro estarem intimamente ligados, até mesmo porque derivam do mesmo folheto embrionário”, confirma a nutricionista Joyce Moraes, professora de nutrição da Faculdade IDE, defendendo ainda o acompanhamento individualizado de controle e tratamento.
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Outro exemplo importante está na microbiótica. Um intestino desregulado não auxilia em uma microbiota intestinal adequada, que são os microrganismos que povoam desde a boca até o ânus, atuando em funções como melhorar perda de peso, imunidade, ansiedade e depressão. “Alguns trabalhos ligam crianças com déficit de atenção à microbiótica alterada, que é um quadro chamado disbiose, por isso essa questão do intestino. Se eu não tenho o intestino íntegro, posso ter quadro chamado hipermeabilidade intestinal. E nesse quadro, posso produzir citocinas pró-inflamatórias, substâncias que conseguem atravessar a barreira hematoencefálica e ter um impacto negativo no sistema nervoso”, completa a especialista.
Alimentação
Em geral, alguns produtos já são causadores de hiperatividade, independentemente de quem tem TDAH. Um dos mais populares e acessíveis é o açúcar, mas também inclui itens ricos de corante e conservante. “Priorizar alimentos que melhoram a macrobiótica intestinal, evitar industrializados e gorduras trans, que está nos salgadinhos, biscoitos recheados, algumas barras de cereal, fast-food e coisas prontas. É preciso priorizar os alimentos orgânicos, livres de mercúrio, ter cuidado com o plástico ao condicionar alimentos, sempre preferindo as ‘comidas de verdade’, que são as frutas, verduras, castanhas e os alimentos naturais em geral”, explica a nutricionista Joyce Moraes.
Outra recomendação é sobre itens com glúten, como centeio, cevada, trigo e também com a aveia, pois apesar de não conter glúten, ela é estocada junto com a farinha de trigo podendo ter contaminação cruzada. “O glúten e a caseína são substâncias que conseguem atravessar a barreira hematoencefálica e o consumo com frequência diminui o raciocínio e a cognição. Há também estudos que relacionam o glúten com o Alzheimer”, orienta Joyce.