Bolo de noiva, prestes a virar Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco, é tema de live
O programa Cultura em Rede, realizado pela Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) e pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), na próxima terça-feira (10), traz uma conversa sobre o bolo de noiva, iguaria pernambucana que está em processo para se tornar Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco.
Segundo uma das debatedoras, a chef, professora de gastronomia e pesquisadora Cris Barros, o bolo de noiva é uma adaptação do bolo de frutas britânico, servido até hoje nos casamentos da Família Real. Se, na Inglaterra, coloca-se conhaque, a variação pernambucana usa vinho do Porto ou vinho moscatel, que é mais em conta. Trocou-se também as cerejas pelas ameixas, mas a massa molhadinha e a tradição de guardar pedaços do bolo para comer tempos depois do casamento são comuns às tradições tanto britânicas quanto pernambucanas.
Por mais incrível que a pernambucana e o pernambucano possam achar, o bolo de noiva quase não ultrapassou os limites do estado. Só é encontrado aqui, mas há alguns raros casamentos em João Pessoa, capital da Paraíba, que traz a receita para o centro da festa, como é aqui em Pernambuco, onde o bolo de noiva é uma das “atrações” mais aguardadas nas festas de casamento.
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Mas, e qual a importância de transformar o bolo de noiva em Patrimônio Imaterial do estado? “O reconhecimento de um patrimônio alimentar é a base da proteção e salvaguarda de diferentes saberes e dos elementos materiais associados à produção alimentar, assim como dos meios naturais de onde se extraem as matérias-primas; dos biomas que dão características ao sabores e dos meios socioculturais dos seus detentores. Esse ‘assentamento’ reforça e promove a cultura e os modos de viver de diferentes públicos que, historicamente, atuam em defesa desses saberes”, explica Ana Cláudia Frazão, que é autora da série de livros “Comedoria Popular”.
"Reconhecer os modos de fazer o Bolo de Noiva como Patrimônio Imaterial de Pernambuco é salvaguardar um bem alimentar cultural único no país, valorizando e reconhecendo a comunidade produtiva das boleiras e boleiros que movimentam a economia no estado e repassam seus conhecimentos às novas gerações, perpetuando assim a preservação dos saberes tradicionais’, defende Cris, que tem artigos sobre o tema e fez uma tese de mestrado com o título “A Educação Cultural A partir do Bolo de Noiva Pernambucano”.
Segundo Marcelo Renan, a Coordenadoria de Patrimônio Imaterial recebeu depoimentos em áudio e vídeo de boleiras e boleiros de todo o estado e reuniu documentos que serão analisados pelo novo Secretário de Cultura de Pernambuco, Oscar Barreto, para, daí, ser confirmada a abertura do processo de registro do Bolo de Noiva como Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco. “Após a abertura oficial do processo será iniciada a pesquisa para o mapeamento da comunidade produtora desse bem e a articulação no sentido de discutir os meios de salvaguarda dessas tradições a partir da política estadual de registro do Patrimônio Cultural Imaterial”, explica Renan.
O Cultura em Rede é um programa cultural semanal, que vai ao ar todas as terças, às 19h, sempre trazendo assuntos culturais para o centro do debate.
Serviço:
Live “Bolo de noiva, patrimônio gastronômico de Pernambuco”
Quando: 10 de maio de 2022 (terça-feira), às 19h
Com: Cris Barros, Marcelo Renan e Ana Cláudia Frazão (mediação)
Transmissão pelo Youtube da Secult | Facebook da Fundarpe