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Sabores

Bouchon tem na tradição a sua essência

Restaurante, no Parnamirim, tem sotaque e gosto impecavelmente franceses

Milimétrico, o peixe do dia revela a perfeição técnica pela qual os franceses são conhecidosMilimétrico, o peixe do dia revela a perfeição técnica pela qual os franceses são conhecidos - Foto: Ed Machado

O consumidor local mais atento certamente notava a ausência absoluta, na Capital pernambucana, de um clássico restaurante francês em seu mix gastronômico. Esse inexplicável hiato - em uma cidade que se gaba de ser um dos maiores polos do setor - teve um ponto final no dia 15 de agosto, data em que o Bouchon, dos sócios Xavier Gervais (gestão e salão), Antoine Castecker (cozinha) e Cathy Quérette (gestão), saiu do papel.

A casa ocupa um agradável endereço no Parnamirim, que já recebeu bandeiras famosas, como Club du Vin, Prouvot e Oleiro, e passou por um refresh total para se tornar um pedaço da França no coração da Zona Norte do Recife. Deu certo. Ganhou um vermelho em tom fechado, luminárias em formato de globo, mobiliário clean, mas aconchegante. 

A “cara” do recém-nascido Bouchon ficou a cargo da designer Gigi Quérette, que captou o espírito dos bistrôs da maior pátria gastronômica do mundo, e representada aqui, exemplarmente, pela cozinha do chef francês Antoine, natural da Córsega, que desembarcou no Brasil pela primeira vez há exatos quatro anos. 

Mesmo que não se conheça a gastronomia francesa in loco, não é preciso fazer esforço algum para apenas gostar (muito) da comida servida pelo chef Antoine e seu time de cozinha. Quando se vai a uma casa essencialmente francesa, o que não se pode dispensar é a correção das bases da cozinha - molhos, pontos de proteína, seleção de ingredientes de alto nível, respeito às origens. Tudo isso está presente no menu do Bouchon que, aliás, não se prende a nenhuma das dezenas culinárias regionais da França. Xavier e Antoine pincelaram pratos clássicos definitivos de seu país natal e acertaram na fórmula para pegar o recifense carente de referências clássicas o mais aproximadas possível da origem.

Eu não dispensaria o tartare de carne bovina - em uma versão excepcional. A carne magra, condimentada ao equilíbrio, ganha superioridade indescritível se acompanhado com a baguete da casa - quentinha, com uma capa crocante e miolo saboroso. A entrada, que deveria estar identificada no cardápio como “mais que obrigatória”, sai a R$ 32. 

O friand d’escargot de borgogne é outro abre-alas indispensável do Bouchon que, aliás, complica a vida do comensal ávido pelo classicismo francês. A entrada consiste em massinhas delicadamente folhadas, técnica executada sem igual pelos franceses, recheadas com escargot, cogumelos, mais molho branco aveludado e creme de alho. A R$ 66 a dupla. 

Mas arrebatamento atende mesmo pelo nome de foie gras. Ingrediente potente no sabor, e no teor de gordura, tem lugar e vez no menu de Antoine. Em sua versão como entrada, o fígado de pato é semi cozido, prensado, marmorizado com cacau, e escoltado por uma compota de maçã e vinagre balsâmico impecável. A orientação é dispor um pouco de cada em um naco na baguete e fazer uma breve viagem em sabores tão, tão distantes. A super pedida custa R$ 96. 

Com uma certa dificuldade de se despedir da categoria de entradas, que certamente você vai ter, vamos direto ao ponto. Entre os pratos principais, todos em porções individuais e bem servidos, a coleção de insumos europeus segue firme e forte. O boeuf bourguignon com purê de noz-moscada é uma das presenças (R$ 58). O tradicionalíssimo magrê de pato à laranja não ficou de fora (R$ 72), bem como o  cassoulet com coxa de pato, linguiça e carne de porco, servido apenas aos sábados (R$ 89).

O prato de pescado é, certamente, um dos exemplares da carta que melhor credita a perfeição estética do chef Antoine. O filé de peixe do dia vem sobre uma base de espinafre, molho beurre blanc, erva-doce confitada e batata dourada na manteiga, verticalmente estruturados, dando a dica do match de sabores do prato (R$ 69).

Não com menos esmero, a despedida precisa ser com mil-folhas ou tarte tatin. Ou ainda com musse de chocolate, crème brûlée ou ainda flan pâtissier. A verdade tem que ser dita: a confeitaria francesa é uma pequena caixa de joias e o Bouchon sabe disso. 

Bouchon 
Endereço: rua Albino Meira, 58, Parnamirim
Informações: 98163.3910 e 3125.0083
Instagram: @bouchonrecife

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