O que tem mudado nos restaurantes desde o início da pandemia?
Especialista no mercado de negócios de gastronomia aponta algumas das principais tendências nos empreendimentos
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Como todos os setores da economia, o gastronômico não passa incólume aos impactos da pandemia do novo coronavírus. Depois do longo período de fechamentos parciais ou de lock down, o setor de bares e restaurantes vem buscando alternativas para se manter ativo. Da mesma forma que outros segmentos, o de alimentação fora do lar vem adotando 'novos' modelos de atuação para atravessar a crise.
"Com a retomada gradual do atendimento presencial e o fortalecimento do delivery na cultura de consumo das pessoas, algumas tendências devem ser observadas de perto por empreendedores que buscam se adaptar ou começar um novo negócio, seja um bar ou restaurante", explica Rafael Hasson, fundador e CEO da ConnectPlug - unidade de negócios do Grupo Locaweb. Devem ser cada vez mais populares os ghost restaurantes, por exemplo.
De acordo com Hasson, em linha com o crescimento exponencial do delivery nos últimos meses, estes estabelecimentos vêm se consolidando como modelo de negócio, uma vez que funcionam exclusivamente para entregas a domicílio e dispensam a necessidade de um salão. As vantagens desta estratégia estão no baixo custo e no direcionamento de um serviço que tende a permanecer em alta, mesmo com a reabertura do atendimento presencial e a perspectiva de um abrandamento da pandemia.
Veganismo crescente
Não é e hoje que a alimentação vegana e vegetariana já é uma realidade nos pratos do brasileiro. Para transformar e integrar ainda mais esta cultura ao meio gastronômico, a inserção de, pelo menos, uma opção vegana no cardápio está se tornando um "a mais"para restaurantes na atração de um público que ainda pode estar muito segmentado. Além disso, apostar nesses pratos pode ser importante para oferecer mais uma opção para clientes que estão habituados com sabor, cheiro e textura da carne, mas que ainda não sabem que é possível atingir a mesma experiência com produtos que possuem ingredientes 100% de origem vegetal.
Cardápios que informam, não somente descrevem
Com a sociedade cada vez mais consciente sobre a origem do que consome cotidianamente, é natural que isto seja refletido na forma como as pessoas esperam transparência e produção justa dos alimentos, alinhados com a redução do impacto no meio ambiente. Para isso, a disponibilização de cardápios que contenham não apenas a composição dos pratos, mas que tragam também a origem dos ingredientes e seus diferenciais, pode ser um grande diferencial na experiência destes consumidores.
Autoatendimento
A boa experiência em um restaurante também contempla a possibilidade de que o cliente possa escolher seus pratos com o máximo de autonomia. Para isso, o investimento em totens de autoatendimento e cardápios digitais por meio de tablets são grandes tendências em restaurantes preocupados com o bem-estar e a praticidade oferecida aos clientes. A tecnologia permite que os pedidos feitos pelo cliente sejam enviados diretamente à cozinha, reduzindo a chance de erros humanos e acelerando todas as etapas do processo de atendimento.
Análise de dados
Em sintonia com o boom do delivery, alguns restaurantes têm investido também na análise de dados gerados pelos sistemas de gestão e entrega, como a localização dos pedidos, ticket médio e quais pratos têm mais sucesso dentro do estabelecimento. Este recurso já é realidade em grandes redes de alimentação e vem crescendo cada vez mais em restaurantes de pequeno e médio porte, uma vez que auxiliam os empreendedores no controle de estoque, na composição de seus cardápios e no desenvolvimento de estratégias de venda, promoções, planos de fidelização ou descontos.