Como será o novo restaurante?
Setor de alimentação reabre na próxima segunda, 20, e oferece experiência completamente diferente
Leia também
• Uma nova experiência com o delivery
• A hora e a vez do delivery
Em meio a tantas notícias desanimadoras em função da pandemia do novo coronavírus, além de, óbvio, o grande número de infectados e de vítimas fatais da doença, o impacto econômico ocupa o pódio de maiores preocupações da população em geral. Como principais medidas de prevenção de contágio, o distaciamento e o isolamento sociais se fazem necessários. Em Pernambuco, o fechamento de comércio e setor de alimentação, entre outros, foi decretado na 2ª quinzena de março, afetando toda a cadeia produtiva.
A mais que esperada data de reabertura de bares, restaurantes, cafés, lanchonetes e similares, enfim, chegou. Na próxima segunda, 20, entra em vigor a etapa 6 da fase 2 do Protocolo Setorial publicado no Diário Oficial em forma de Portaria Conjunta - SES-SDEC Nº 19 2020, em 10/07/2020, trazendo regras aprovadas pelo Gabinete Socioeconômico de Enfrentamento ao Coronavírus no Estado. Com isso, 72 municípios da Região Metropolitana do Recife, Zonas da Mata Sul e Norte podem voltar a funcionar, de acordo com todas as normas determinadas pelos novo protocolo de convivência desse setor.
Entre as exigências para a reabertura, o reforço da limpeza e higienização com produtos à base de cloro ou com álcool 70% parece ser caminho sem volta. Os estabelecimentos também são obrigados a operar em uma faixa de horário fixa - das 6h às 20h, sem exceção. O veterano Oficina do Sabor, em Olinda, do chef César Santos, com a experiência de quase 30 anos no ramo, já estava com a infraestrutura pronta ao longo da última semana, para rever os clientes.
A expectativa é grande, afinal, o momento é de lidar com uma clientela receosa em se expor aos riscos da contaminação. É a hora de deixar (muito) visível ao consumidor todos os cuidados tomados para minizar esse risco no estabelecimento. Transparência é essencial.
Mirando em (re) conquistar seu público, mesmo sem, ainda, funcionar, César já treinava a brigada com os protocolos. “Estamos higienizando várias vezes ao dia. Outra adaptação é que não deixamos as mesas montadas com taças, pratos e talheres, que só vão à mesa depois que o cliente faz o pedido”, adianta.
Beto Carrazzone, proprietário do Kisu, no Riomar, já estava aprimorando quesitos como higiene antes da pandemia. “Já vínhamos observando várias diretrizes com muita atenção. Agora, estamos com ainda mais cuidado, monitorando desde a saúde dos funcionários - que são orientados a não vir, caso apresentem algum sintoma de gripe -, até ainda a questão do distanciamento entre as mesas, lavagem e higienização de toda a louçaria, acessórios, mesas, limpeza de banheiros e álcool em gel para clientes e staff”, explica Beto. Enquanto no The Black Angus Conselheiro, em Boa Viagem, “o pessoal de cozinha e salão está lavando a mão mais vezes e a equipe de limpeza está ainda mais atenta às superfícies em que muita gente toca”, antecipou Marcus Nascimento, gestor da casa.
Outro ponto a ser lembrado é que muitas casas irão vender cardápios reduzidos para evitar desperdício e custo, mesmo porque todos os restaurantes irão operar com metade da capacidade.
Prefere não reabrir
Os donos do Kaffe Torrefação e Treinamento, Lidiane Santos e Eudes Santana, tiveram uma ótima surpresa ao longo do fechamento do setor. Fecharam a cafeteria, mas mantiveram a torrefação de cafés especiais, criaram um delivery e agora também fazem pegue e leve. Emplacaram. “Foi surpreendente, pois a adesão foi grande e tivemos dias intensos de trabalho. Principalmente no Dia dos Namorados”, relata Lidiane, trazendo um exemplo fora da curva do setor, que demitiu muita gente e muitos fecharam sem previsão de voltar - se voltar.
“Desde então, estamos utilizando materiais descartáveis, visto que não estamos com atendimento dentro da loja e nem pretendemos, nos próximos meses, permitir o acesso ao interior da cafeteria. O movimento tem correspondido às expectativas. Em termos de faturamento, hoje, o serviço e os pacotes de café - juntamente com utensílios - correspondem a 50% cada um. Vamos acompanhar o comportamento para decidirmos como iremos abrir nos próximos meses”, explica Lidiane.Redes
Presente em todo o mundo, a rede McDonald’s já vinha se preparando para reabrir salão com medidas básicas: distância de 2 metros entre mesas, funcionários com máscaras e face shield (viseira acrílica), uso de tapetes sanitizantes e barreira de vidro no caixa evitando contato entre atendente e cliente são algumas delas. As normas de boas práticas também já vinham sendo reforçadas. O Outback trilha os mesmos preparativos, além de retirar o menu impresso, substituído por versão digital com acesso individual via QR Code com celular; os guardanapos de tecido serão trocados por papel; o famoso pager, que avisa se a mesa está disponível, desapareceu, dando lugar ao envio de SMS ao celular do cliente na espera.
O Massala, que fica dentro da loja Verd Frut Graças, investirá em pratos para retirada no local e delivery, além de trocar talheres do bufê a cada 20 minutos, oferecer luvas descartáveis e substituirá os temperos por sachês. A chef Juliana e a nutricionista Karine Mendes também investem em receitas focadas na imunidade. Uma saída criativa vem do self-service O Poeta, no Bairro do Recife. Para preencher as mesas que não podem ser usadas, serão dispostos bonecos de poetas brasileiros como se fossem clientes “de verdade”.
Veja as principais regras do Protocolo Setorial de Reabertura:
- Funcionamento restrito das 6h às 20h
- Atender com 50% da capacidade do salão
- Todos os funcionários devem usar máscara
- Clientes só podem tirar máscara quando
comem e bebem - em deslocamento no ambiente, é obrigatória
- Distância de 1,5m entre mesas, caso não
haja cadeira entre elas; se houver, o distanciamento é 0,5m maior; se a mesa
for fixa, deve-se interditar a do lado, garantindo a metragem
- Limpar e desinfectar superfícies mais
tocadas antes do expediente e a cada 2h
- As mesas devem ter até 10 clientes
- Clientes devem ser orientados a ficar 1,5m longe um do outro em fila ou entrada
- Bufê 1: alimentos cobertos com protetor
salivar com vedações frontal e lateral
- Bufê 2: funcionários podem servir a
comida ou o próprio cliente se servir -
com luvas de plástico oefercidas no começo
da fila, antes do contato com bandeja e
prato; talheres em embalagens individuais
- Cardápios devem ter material limpável ou digital
- Temperos, adoçante e palitos em sachês individuais
- Deve haver álcool em gel 70% em todos os pontos de atendimento e na entrada
- Limpar e higienizar cadeiras, mesas e superfícies de comer a cada uso, com
produtos à base de cloro ou álcool gel 70%
- Música ao vivo proibida e limite de 35db para música ambiente
- Caso o estabelecimento tiver mais de uma porta, instituir uma de entrada e outra de saída
Veja aqui o protocolo de regras completo
A foto é do salão do restaurante Oficina do Sabor, em Olinda Alta.