Confira os brasileiros que se destacaram no 50Best América Latina 2023
Premiação acontece no último dia 29, no Rio de Janeiro, e consagrou Janaína Rueda como Melhor Chef Mulher
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Rio de Janeiro – Realizada no Brasil pela primeira vez desde que foi criado, em Lima, há dez anos, a versão latino-americana do 50 Best, mais importante e aguardado concurso da gastronomia mundial, tinha sua grande estrela já celebrada antes do início da cerimônia, última terça, no icônico Copacabana Palace.
Paulista nascida numa família de classe média baixa, filha de uma mãe que trabalhou em endereços míticos da noite de São Paulo e ensinava a menina a cozinhar para os convidados da casa na madrugada, Janaína Torres Rueda chegou ao Copa aplaudida pelo título de Melhor Chef Mulher da América Latina, anunciado dias antes.
“A vinda deste prêmio ao Brasil deve estimular mais os valores e cadeias das nossas cozinhas”, dizia ela, ao lado dos amigos, ambos pernambucanos, Walério Araújo, estilista e Carmem Virgínia, chef pernambucana que abriu com sucesso uma versão de seu Altar em SP.
Com um longo de seda de estampa felina, o look de Jana servia, mais que lhe realçar o apelido de Dona Onça, para afirmar a assertividade das posições que lhe justificam a alcunha. “Somos do restaurante, temos que restaurar não apenas a satisfação da clientela, mas os valores e a sustentabilidade das nossas cozinhas”, ela dizia.
Jana precisou sair da cerimônia com o outro troféu – ao lado do ex-marido e atual sócio, Jefferson Rueda, seu Casa do Porco Bar ficou com o título de Melhor do Brasil e Quarto Melhor do Continente.
A coroação de uma chef que trabalha com ingredientes de roça, saberes caipiras e uma carne ainda pouco compreendida pela maior parte do Brasil, indica que decolonialidade não é apenas slogan em camisa de universitário ou papo de botequim.
A nova cozinha do Brasil coloca Carêmes e Escoffieurs de vários tempos a favor de sua brasilidade. E não o contrário.
Brasileiros bem posicionados
Embora a própria existência de um prêmio apenas para as mulheres seja um indicativo de que a elite da profissão ainda é reserva de mercado masculina, a afirmatividade de uma nova cozinha plural e diversa deu o tom da noite do 50LatinBest 2023.
Alberto Landgraf, do carioca Oteque, ficou com a 29ª colocação. O carioca Lasai, de Rafa Costa e Silva, que serve apenas dez pessoas por noite, sentadas ao balcão, ficou com o 14º lugar. Entre as mulheres, a curitibana Manu Buffara ficou em 35º, o Maní, de Helena Rizzo, com a colocação de número 34º.
A tríade de vencedores
O grande prêmio da noite ficou com Mitsushara Micha Tsumura, do peruano Maido, no primeiro lugar, outra vez, depois de quatro anos que conquistou o título pela primeira vez. O segundo lugar ficou com o El Chato, de Bogotá, e o terceiro, com o Don Julio, de Buenos Aires.
Nenhum restaurante do Nordeste (que tem, por exemplo, o recifense Chiwake eleito como o melhor peruano do Brasil pelo ranking da revista especializada Prazeres da Mesa) entrou no ranking dos 50 melhores – o que significa, mais do que revelar a realidade da região, que o júri precisa circular mais pelo Brasil).
A zebra da noite: tratado como autoridade máxima da gastronomia brasileira e um dos nove mais importantes do mundo, o paulistano Alex Atala não foi sequer citado.
O Rio de Janeiro também saiu premiado: num discurso bilíngue e bem humorado em bom espanhol, o prefeito Eduardo Paes informou que ano que a premiação do 50 Latin Best acontece outra vez na cidade.