Sede da Copa do Mundo, o Catar, assim como outros países do Oriente Médio, tem refeições coloridas e variadas em sabor. O cardápio corriqueiro é composto por uma mistura de sabores árabes e influência de toda a Ásia, principalmente pelas cozinhas indiana, iraniana e libanesa, além do norte da África. Reflexo de uma nação que tem quase 90% da população composta por estrangeiros, uma vez que o território depende fortemente de trabalho migrante. Para entender seus pratos, é necessário considerar o contexto histórico e geográfico do país.

Prato principal

O cordeiro com molho de iogurte provavelmente é a maior especialidade da nação, já que o consumo desse tipo de carne se origina desde os antigos povos nômades da região que dependiam da criação de ovelhas.
A culinária catari é centenária e é fruto de uma cultura de troca de especiarias e ervas com as regiões próximas, além de uma forte influência pelo clima (na maioria desértico), do cultivo e do escambo.

“Quando a gente fala de comida do Oriente Médio não dá para colocar tudo no mesmo bolo. Mas dá para analisar por uma questão de proximidade. Por exemplo, tem coisas no Líbano, que está mais pelo mediterrâneo, que são iguais ao que se come no sul da Grécia e Itália. Mais perto do Golfo Pérsico, onde está o Catar, tem uma influência muito forte da Índia, com suas especiarias e temperos”, explica Caio Rihan, cozinheiro do restaurante Rihan, especializado em culinária árabe.
 

Brasil vs Catar
Apesar de tudo, existe uma grande semelhança entre a culinária nacional com a catari. Muitos grãos, como fava e feijão, são comuns tanto aqui quanto lá, além de que a comida sertaneja, que por questões climáticas e geográficas, compartilham de um animal muito popular nas duas regiões, o bode.

“A minha família que veio para cá fugindo das guerras. Desde que eu me entendo por gente, vejo minha avó fazer kibe e pratos do levante [comidas tradicionais árabe]. Era a forma de sobrevivência da gente. Com o tempo fui aprendendo também e acho que o restaurante deu certo porque não encontrava casas que não fizessem nada parecido por aqui”, explica Caio, representante da terceira geração da família Rihan, sobrenome que batizou o restaurante localizado na Rua Jader Andrade, em Casa Forte.

Halal food
O islamismo é a religião mais predominante no Catar e, de acordo com as regras de Deus escritas no Alcorão, o alimento precisa seguir as regras do halal, que em árabe significa lícito. Para que a comida seja considerada halal é necessário uma série de regras a serem seguidas. “É uma carne mais difícil de encontrar, já que é um abate tão característico. Eu mesmo, que trabalho com isso, só vi uma vez um frango com selo de abate Halal”, conta Caio. Vale lembrar que a religião depende da interpretação, e essas regras podem estar sujeitas a variações, mas em geral elas são:
- Na criação, os animais não podem ter consumido ração com aditivos químicos nem hormônios para engorda
-Antes do abate, o responsável pelo degole precisa ser muçulmano e deve pronunciar o nome de Alá ou uma reza como forma de mostrar que não está matando o animal por cureldade.
-Na hora do corte, a face do animal precisa estar voltada para Meca
-Em seguida, o animal precisa ser suspenso até escorrer todo o sangue, antes de ser processado
-Peixes são considerados halal por natureza, já que saem da água vivos. Já os suínos são considerados impuros
-Todo tipo de vegetal é halal, a não ser aqueles que passaram por pesticidas

“Produzir comida árabe é mais difícil porque ela é muito específica, tanto em relação ao tempero e às especiarias quanto ao modo de preparo. Existe todo uma técnica que não é aprendida em escola, apesar de que lá você aprende a fazer um quibe e uma esfiha. Mas não é a mesma coisa. Nosso restaurante tem as receitas que foram passadas de geração para geração da família Rihan”, comenta Tiago Morwira, que também é sócio do restaurante.

SERVIÇO
Rihan Restaurante - Rua Jader Andrade, 163 - Casa Forte
Instagram: @rihanculinariaarabe

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