Dois milhões de brasileiros sofrem de doença celíaca; saiba o que é e como tratar
Diagnóstico precoce e monitoramento da doença são fundamentais para manter a saúde
Leia também
• Irlanda é o 1º país a obrigar rótulos de bebidas alcoólicas a mostrarem riscos para a saúde
• Intolerância à lactose: metade dos brasileiros tem predisposição genética para a condição
Por mais que se fale em alimentação saudável, o termo 'celíaco' ainda gera muitas dúvidas. Afinal, seria uma alergia ou uma indisposição digestiva passageira? Tem cura? Vamos lá.
Doença celíaca: o que é?
A doença celíaca é autoimune cuja característica é o processo inflamatório na mucosa do intestino, o que leva a uma série de consequências, como atrofia das vilosidades intestinais, má absorção de nutrientes - e o risco de um quadro de desnutrição.
Infelizmente, o quadro de inflamação ocorre pela exposição a uma substância muito presente em itens alimentícios, o glúten, que é a principal fração proteica presente no trigo, cevada e centeio.
Em pessoas celíacas essa proteína é resistente à ação das enzimas digestivas, provocando uma resposta imunológica marcada por muitos incômodos. Ou seja, para evitar a manifestação da doença, a pessoa deve adotar uma dieta isenta de glúten (ou seja, livre, sem qualquer resquício que seja, de alimentos preparados com trigo, cevada e centeio).
Segundo a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil, de cada oito pessoas que possuem a doença, apenas uma tem o diagnóstico. É, portanto, uma enfermidade praticamente silenciosa que atinge dois milhões de brasileiros.
Como fazer o diagnóstico?
De acordo com Pollyanna Ayub, nutricionista, mestre em gerontologia e professora do curso de Nutrição do CEUB, indentificar a doença não é um processo simples. Mas esses são alguns sintomas que podem apontar para a ocorrência da doença celíaca: prisão de ventre ou diarreia, perda de peso, distensão abdominal, cólicas, sensação de estufamento da barriga, anemia, carência de vitaminas B9 e B12.
“É importante, primeiramente, procurar ajuda médica para realização do diagnóstico, pois quanto mais ágil for a sua identificação, melhor será a evolução”, destaca.
“O processo será conduzido a partir de sinais e sintomas, com a realização de exames sorológicos. Porém, a endoscopia, com biópsia, pode ser indicada pelo médico, pois esse exame é considerado um padrão-ouro”, acrescenta Pollyanna.
“O nutricionista tem um papel importante dentro da equipe multiprofissional, através de uma anamnese detalhada e uma avaliação nutricional que envolve a verificação do consumo alimentar; análise da composição corporal; sinais e sintomas; e interpretação dos exames bioquímicos. Desse modo, a dieta será calculada com essas informações, sem deixar de levar em conta a questão econômica, cultural, aversões, atividade física, preferências alimentares e fase da vida na qual esse paciente se encontra (criança, gestante, idoso)”, acrescenta a professora do CEUB.
Contaminação cruzada
A professora do CEUB lembra, no entanto, que excluir alimentos com glúten não é o suficiente para evitar crises, pois o alimento pode ser contaminado no momento do preparo, a chamada contaminação cruzada. “O paciente precisa fazer um acompanhamento nutricional e, a partir daí, adotar uma dieta rica em alimentos in natura ou minimamente processados, com legumes, frutas, cereais, leguminosas e carnes”, comenta Ayub.