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SALVADOR

Em Salvador, Lisiane Arouca faz confeitaria com DNA baiano e assinatura contemporânea

Chef confeiteira do Grupo Origem não abre mão de preservar o dulçor característico da doçaria nordestina

Sobremesa assinada por Lisiane Arouca: granita de pêssego, mangaba e frutas vermelhasSobremesa assinada por Lisiane Arouca: granita de pêssego, mangaba e frutas vermelhas - Foto: Leonardo Freire/Divulgação

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Desde 2016, o casal Fabrício Lemos e Lisiane Arouca vem promovendo uma visível transformação na cena gastronômica de Salvador, capital da Bahia. 

Foi quando os chefs fundaram o restaurante Origem, hoje um atrativo turistico obrigatório na capital soteropolitana, e a primeira das casas da dupla de chefs - que hoje comanda o bar Megiro, o Orí, o Segreto Ristorantino, o Mini Bar Gem e toda a gastronomia do Fera Palace Hotel. 

Saiba mais sobre o Grupo Origem em matéria da Folha de Pernambuco aqui.  

Casais trabalharem juntos em restaurante não é exatamente uma novidade, mas em se tratando de Fabrício e Lisiane, o protagonismo equilibrado entre os dois profissionais dá o tom dessa bem-sucedida parceria nos negócios.

Confeitaria 
com DNA

Enquanto Fabrício toca a criação dos menus de pratos quentes, Lisiane se dedica ao desenvolvimento da pâtisserie do grupo.

Na mais recente viagem da reportagem da Folha de Pernambuco para visitar os restaurantes dos chefs, algo está muito claro no trabalho de Lisiane: ela vem escrevendo um capítulo completamente diferente da maioria dos confeiteiros do País ao 'abraçar' um estilo, que para alguns é polêmico, mas que em se tratando de Brasil e, sobretudo de região Nordeste, faz todo o sentido: explora o dulçor basilar da cultura canavieira. 

"Em minhas viagens, já me deparei com pratos que não consegui identificar como sobremesas. Pareciam mais saladas ou entradas, devido à ausência de doçura. Para mim, uma sobremesa equilibrada deve ter a quantidade certa de dulçor, aquele toque de açúcar que faz com que ela se destaque e seja reconhecida como tal", afirma Lisiane Arouca.

Equilíbrio
"Para mim, o dulçor é indispensável em qualquer sobremesa que eu crio. Uma sobremesa extremamente ácida, ou que quase não tem doçura, não me representa. Claro, eu busco sempre um equilíbrio, pois sei que a confeitaria brasileira tende a ser muito carregada no açúcar. Além de não ser o ideal para a saúde, um excesso de açúcar pode ofuscar outros sabores importantes", comenta a chef confeiteira. 

"Nas minhas criações procuro sempre harmonizar a doçura com ingredientes ácidos, salgados ou até mesmo amargos. Esse equilíbrio é fundamental para mim, pois acredito que uma sobremesa deve trazer alegria para a alma e encerrar uma experiência gastronômica com chave de ouro. O toque certo de açúcar é essencial para que as pessoas possam identificar o prato como uma verdadeira sobremesa", complementa a baiana Lisiane Arouca. 
 

Lisiane é chef onfeiteira do grupo Origem (Origem, Orí, Omí, Megiro, Mini Bar Gem, Segreto). Crédito: Vanessa Lins/Cortesia

Começo
Lisiane flertou com as artes, mas logo deixou a formação acadêmica na Faculdade de Belas Artes (UFBA), e das memórias de infância junto às tias confeiteiras, em Ilhéus, veio a vontade de enveradar pela cozinha. Formou-se em Gastronomia pela Estácio Bahia e no curso de Chef de Cozinha do Senac.

"Quando estou criando novas receitas, sempre busco inspiração nas frutas que estou descobrindo ou consumindo no momento. Seja pelo frescor da estação, pela ligação com festividades da Bahia, ou mesmo pelas minhas vivências pessoais. Elas não apenas trazem cor e sabor, mas também carregam memórias e histórias que procuro preservar e valorizar em cada preparo", ecplica a chef.

Inspirações
Obviamente, Lisiane modula os estilos de criação de acordo com o perfil de cada casa do grupo.

No prestigiado Origem, que serve menu degustação, as sobremesas são mais leves e frescas, mas à mesa do Orí e do Megiro, a confeiteira se inspira nas tradições do seu estado natal e 'brinca' com formatos, texturas e proporções. As sobremesas são bem mais robustas. 

A sobremesa 'Casal Perfeito' é um hit do Orí: brigadeiro de queijo, musse de goiabada, queijadinha, telha de queijo, calda de goiabada e sorvete de nata goiaba.

Mais leve, a torta al limone, à primeira vista, lembra um cheesecake, mas não se engane. É um semifreddo de limão com caramelo, amoras, biscoito e amêndoa laminada. 

"Minhas criações são uma fusão do passado e do presente, do tradicional e do novo. Cada doce que faço carrega uma história - seja ela pessoal, familiar, ou fruto das minhas viagens pelo Brasil", diz a profissional. 

"A confeitaria brasileira, com suas ricas tradições e técnicas, é a base de tudo que crio. Cada receita que desenvolvo é uma homenagem à nossa cultura, uma tentativa de resgatar sabores afetivos que trazem conforto e nostalgia. No entanto, meu objetivo vai além de simplesmente reproduzir essas receitas. Eu busco inovar, trazer algo novo e inesperado. Isso pode vir na forma de uma nova textura, um equilíbrio diferente de sabores, ou até mesmo um toque contemporâneo que respeita e realça a essência da receita original", contextualiza Lisiane. 

*A jornalista viajou a Salvador a convite da Documennta Comunicação

Em Salvador: Arouca preserva a paleta de sabores da doçaria brasileira, como goiaba e queijo

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