Guia Michelin, referência em restaurantes, vai avaliar hotéis com 'chaves' no lugar de estrelas
Primeiras chaves serão anunciadas no primeiro semestre de 2024 em um grupo pré-selecionado de hotéis em 120 países
Depois de 123 anos recomendando restaurantes para viajantes, o Guia Michelin está entrando no mundo dos hotéis. Em evento realizado hoje, em Paris, a publicação homônima de propriedade da fabricante de pneus francesa anunciou que começaria a designar "os hotéis mais excepcionais do mundo" - não com uma, duas ou três estrelas, mas com um emblema de "chave".
A publicação atribuirá chaves a estabelecimentos com base em cinco critérios: caráter local, individualidade, excelência em arquitetura e design de interiores, serviço e conforto de primeira linha e uma relação custo-benefício consistente.
A mudança ocorre cinco anos depois que a Michelin adquiriu discretamente o Tablet Hotels, um site de reservas de hotéis- boutique e de luxo, por uma quantia não revelada.
A interface de reservas e o banco de dados agora alimentam um portal no site do Guia Michelin, onde os consumidores podem navegar por uma seleção de acomodações - muitas delas com restaurantes classificados pelo próprio guia - e fazer reservas.
É uma oferta planejada para ganhar mais espaço no mercado de viagens em um momento em que os gastos dos consumidores e a concorrência no setor estão em alta. Nos últimos meses, os titãs do ranking de restaurantes World's 50 Best e La Liste lançaram listas de hotéis pela primeira vez.
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As primeiras chaves Michelin serão anunciadas no primeiro semestre de 2024 em um grupo pré-selecionado de 5.300 hotéis em 120 países, informou a empresa.
Todos esses hotéis, independentemente de receberem ou não as chaves, poderão ser reservados por meio de seu website. A Michelin receberá comissões sobre as reservas feitas em seu site.
A Michelin não especificou se um hotel pode receber mais de uma chave. Em suas classificações de restaurantes, uma estrela indica que um lugar "vale uma parada", duas "valem um desvio" e três "valem uma viagem especial".
"A chave Michelin é uma indicação clara e confiável para os viajantes", disse Gwendal Poullennec, diretor internacional do Guia Michelin, em comunicado.
A expansão da Michelin para o setor de hotéis ocorre apenas algumas semanas depois que o New York Times relatou como como acordos de patrocínio de seis e sete dígitos com autoridades de turismo levaram o guia a lugares como Colorado e Flórida.
O negócio de hotéis funcionará de forma diferente. A Michelin planeja iniciar seu serviço com uma lista global de chaves, em vez de guias específicos de destinos. Como a empresa tem a possibilidade de obter uma receita significativa com as comissões, os acordos de patrocínio com os conselhos de turismo não serão a única maneira de a empresa monetizar o conteúdo dos hotéis.
"Em um setor saturado de recomendações questionavelmente confiáveis, o Guia Michelin oferece sua experiência aos viajantes para guiá-los apenas para as melhores experiências", afirmou em um comunicado à imprensa.
Para esse fim, as chaves Michelin serão concedidas após estadias anônimas de especialistas da equipe, que passarão vários dias no local para avaliar as acomodações. É essa empreitada que está sendo concluída agora, para que a seleção esteja pronta em 2024. Foi um trabalho de longo prazo, iniciado há quatro anos e só agora tornado público.
Isso representa uma diferença em relação ao World's 50 Best, que permite que seu painel anônimo classifique os hotéis nos quais eles aceitaram estadias de cortesia, e ao La Liste, que baseia sua classificação principalmente no que foi escrito em reportagens anteriores da imprensa.
Para a Michelin, a expansão mais recente marca um retorno às suas raízes. Quando estreou como editora em 1900, a empresa tinha como alvo os viajantes, dando conselhos práticos às pessoas que dirigiam os primeiros veículos motorizados na França. Em 1920, estava cobrando por guias repletos de listas de hotéis em Paris e restaurantes divididos por categorias.