Histórias de sucesso: mulheres conquistam o mercado da confeitaria
Empreendedoras pernambucanas estão atentas à profissionalização do setor
Poucos setores do mercado conseguem se conectar tão bem às emoções quanto a confeitaria. As receitas doces, que por tempos foram passadas de mãe para filha, estão nas pequenas comemorações do cotidiano ou nas celebrações de grande porte. Democrática, a doçaria vem ampliando seu espaço, graças à atuação profissional das cozinheiras atentas à mudança de vida que o produto traz.
Leia também
• Fruta da época: morango é opção na sobremesa ou lanche
• Prepare o tradicional bolo pernambucano Souza Leão
De olho na oportunidade
Para a confeiteira e sócia da Cake & Bake, Paula Ardanza, um dado chama atenção. Pesquisa levantada pela Fundação Oswaldo Cruz, com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), diz que 57% das mulheres têm o desejo de empreender. “Nesse sentido, a doçaria se mostrou como opção de reinvenção até para quem não tem formação. Mas quando levamos para o campo dos negócios, encontramos os primeiros entraves”, diz ela, lembrando os efeitos do longo período sem cursos de formação específica no mercado.
“Comecei a estudar gestão, ao mesmo tempo em que estudei técnica. O curso 'Formação Confeiteira’ surgiu dessa carência, porque só temos uma cadeira de confeitaria em Gastronomia”, completa Paula, que além de oferecer mais de 60 horas/aula em plataforma online, para iniciantes ou não, conduz um programa de mentoria com o objetivo de acompanhar as alunas com fase inicial do próprio negócio.
Formação de base
Uma noção de mercado que também levou Marcela Soares a montar o seu curso online. Ela, que é formada em Educação Física, teve o primeiro contato com o mundo das sobremesas ao vender brigadeiro na faculdade. Depois, percebeu que precisava mudar de área e investir na paixão pela Gastronomia. Foi quando em 2014 iniciou uma produção focada em encomendas de bolos na casa da mãe. Evoluiu para um ateliê, confeitaria própria até, finalmente, produzir conteúdo para quem busca especialização.
“O que me completa é o que faço hoje. Tenho alunas nos Estados Unidos, no Canadá e no Brasil todo. Hoje, aceito encomendas apenas dos clientes mais antigos. Meu curso principal é voltado para bolos, em que ensino o processo de confecção e empreendedorismo. Um bolo bonito sozinho não vende, ele precisa de outros atributos”, diz. Segundo ela, a comercialização inclui boa divulgação de fotos, uso de rede social e muito planejamento.
Mudança de vida
A prova de que a confeitaria tem força para ser uma atividade profissional está na história da empresária Annie Cavalcanti, diretora da Annie Cake Shop. A marca, conhecida não só pelo cardápio de doces, mas também pela estética cheia de referências gringas, evoluiu no mercado a ponto de ganhar um modelo de franquia. Mas até abrir a primeira loja de apenas sete mesas, no bairro de Piedade, que depois ganhou filial em Casa Forte e unidade em Boa Viagem, a empreendedora se viu atenta na habilidade de produzir bolo de pote.
“Tudo começou em 2014. Eu era estagiária de Engenharia de Produção até que as coisas em casa apertaram financeiramente. Sempre fui de arriscar, e comecei a fazer brigadeiro e bolo de pote para vender no trabalho. Saía às 5h da manhã, com dez bolinhos e vendia tudo.Fui amando cada vez mais cada sabor que eu fazia. Era tão prazeroso”, lembra Annie, que estudou a área até, enfim, receber encomendas de quem não conhecia.
Mudança que também alcançou a vida de Bruna Hannouche, da marca Cake Hannouche. “Meu sonho era ser Procuradora. Minha vida girava em torno disso. Mas há dez anos fiz cupcake para presentear uma pessoa. Depois, amigos pediam para fazer bolo até que uma amiga criou o Instagram com o meu sobrenome, que é árabe. Fiz muito bolo por encomenda, mas sempre ousando”, comenta, destacando o ponto alto da sua criação: a produção de flores de açúcar. “Eu pegava flores naturais, estudava elas e reproduzia em açúcar de forma semelhante, mas sem técnica, era altamente no feeling”, aponta.
Hoje, Bruna se dedica à produção de bolos de casamento, 15 anos e outras festividades. Em movimento contrário ao mercado tradicional, investiu na variação de sabores. Agora já são mais de 20 possibilidades, além dos personalizados. “Como não tinha cultura de confeitaria, questionei tudo no mercado. Porque não posso ter um red velvet no casamento? Até começar a trazer os sabores recheados para os casamentos do Recife”, finaliza.
Serviços - Instagram
Paula Ardanza
@paulardanza
Marcela Soares
@marcelasoaresdoces
Annie Cake Shop
@anniecakeshop
Cake Hannouche
@cakehannouche