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Home chef: tendência no cenário pós-pandemia

Mercado gastrô pode abrir caminhos para a personalização de cardápios em casa

Toque sofisticado é atrativo no home (ou personal) chefToque sofisticado é atrativo no home (ou personal) chef - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

Tem comida de restaurante, chef de cozinha, mas nem de longe é um salão aberto para pessoas de todas as partes. Essa, na verdade, é a sala de jantar de quem contrata um serviço, já muito utilizado nos anos 2000, para dar esse gostinho de vida gastrô no conforto de casa. Se antes a finalidade do chamado home chef era preparar um cardápio específico para inúmeros convidados em um mesmo ambiente, agora a tendência é de serviço compacto e ainda mais criterioso.

Os leitores mais atentos lembrarão o tempo em que se falava da praticidade de encomendar o menu para cozinheiros reconhecidos na Cidade. No primeiro contato se acertava a personalização dos pratos, a compra dos ingredientes e a produção da equipe no dia e local combinado. Nesse cenário pré-pandemia, a experiência para os moradores e seus convidados era de privacidade e requinte. Agora, o mercado aponta para um serviço compacto, acessível, mas igualmente sofisticado.

Ainda no auge dos números do novo coronavírus, o chef Leandro Ricardo, que há anos trabalha com este serviço, recebeu o convite para a execução de um cardápio na casa de uma cliente. Mesmo sem aceitar a demanda, compreendeu que essa é a tendência para o mundo do pós-pandemia, quando as pessoas começarão a receber alguns poucos amigos. “Isso obrigará uma adaptação, como na quantidade de profissionais que estarão comigo nesse momento. Deverei saber de tudo, inclusive seu histórico de saúde, para não colocar em risco a vida de ninguém”, diz Leandro.

O novo normal promete soluções ainda mais práticas na cozinha. “Além da equipe ser enxuta, a parte de comida exigirá cuidados com fornecedor e finalização dos produtos no local, ficando atento ao manuseio de tudo isso. E, claro, não esquecer do álcool em gel, distanciamento e uso da máscara”, completa o chef, lembrando que essa estrutura leva em conta a rotina de quem aprendeu a gostar da própria casa e não trocará esse ambiente por um restaurante tão cedo.

 

Novos procedimentos
O chef Raphael Vasconcellos, acostumado a atender 15 eventos do tipo em um mês, viu a procura cair para zero entre março e maio. Só agora, alguns orçamentos começam a aparecer para o futuro. “Até então, aumentou a procura por comida para ser entregue em casa mesmo”, aponta. Trata-se de um cardápio fixo, que pode sofrer algumas adaptações, mas é encomendado e servido no formato de delivery.

“Temos um menu base para eventos em família, sendo ele volante ou de mesa fixa. No pós-pandemia vou continuar só com o primeiro, para facilitar a circulação das pessoas. Acho que a procura por esse formato tem a ver com o toque gourmet que se pode dar à determinada ocasião”, define. Os procedimentos já seguem rotinas rígidas, como o revezamento da equipe da cozinha em duas vezes por semana. O custo para os pedidos sob encomenda ficam entre R$ 120 e R$ 240.

Embora o formato de entrega resolva as limitações necessárias do momento, permanece nas pessoas a vontade de celebrar como antes. Aliás, esse sempre foi um mercado aquecido, mesmo em tempos de crise econômica. Para a chef Danielle Johnnei, conhecida pelo serviço de catering, o setor de eventos foi um dos mais prejudicados com a pandemia, não apenas por envolver comida, mas toda estrutura em volta. 

“Hoje, com as possibilidades de afrouxamento do comércio, as pessoas começam a pensar em que tipo de flexibilização elas farão sobre a rotina delas no futuro. Caberá a cada profissional entender o que fazer com isso”, diz ela, projetando regras como limitação de pessoas, circulação exclusiva na cozinha, sanitização de maçanetas, portas e todos os utensílios. “Além disso, não deve haver mais bufê em que o alimento fica exposto, mas, sim, preparado para ser consumido na hora em pequenos pratos e porções”, reforça Dani. Em seu restaurante, em Casa Amarela, a ideia já é investir na área externa da casa para pequenos encontros no cenário pós-pandemia.

Por outro lado, o chef Roccini Furetti, que começou sua carreira como home chef e hoje conduz um restaurante italiano em Boa Viagem, acredita em um cenário bem diferente. “Sempre achei esse tipo de trabalho mal explorado no Recife. Não vejo um hábito grande de as pessoas levarem tal experiência para as suas rotinas. Mas outras mudanças ocorrerão”, pondera. Na suas projeções está o aumento dos pedidos de delivery, já em franca expansão, e até mesmo uma presença significativa de pessoas no salão dos restaurantes, já que o isolamento tem provocado um saudosismo à vida na rua. Será? Façam suas apostas! 

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