Obesidade: ganho de peso tem a ver com genes
Pesquisa britânica indica que metabolismo define perda ou acúmulo de gordura
Que perder peso nem sempre é tarefa das mais fáceis, não é novidade. Não é à toa que o desejo, comum a boa parte de quem constata uns quilinhos a mais, se torna um desafio renovado a cada uma de (muitas) tentativas sem sucesso. São muitos os fatores que favorecem ou não a perda de peso, que não necessariamente dependem apenas de dietas direcionadas ou de esforços individuais, mas de um conjunto de circunstâncias correlacionadas que podem ir desde a atividade física até a questão genética do indivíduo.
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Um experimento realizado recentemente pela rede britânica BBC reuniu voluntários que foram submetidos a testes e dietas para saber quais motivos podem ter sidos primordiais para o ganho de peso e, principalmente, para a dificuldade em perdê-lo. Após essa fase, os cinco participantes foram direcionados a regras alimentares específicas a partir do conhecimento de fatores genéticos e hormonais, por exemplo, que servem como gatilhos que podem levar à obesidade.
“São as diferenças no metabolismo que fazem com que as pessoas queimem mais calorias e outras não. Já que, de acordo com o gene de cada um, as células absorvem mais gorduras e outras têm um gasto calórico maior”, pontua a nutricionista Michele Arruda, que vem se especializando em Obesidade, Cirurgia Bariátrica e Metabólica pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Já o termo ‘dieta’, entendido por muitos como disciplina apenas alimentar, vai além do que se entende por comer adequadamente. “Dieta quer dizer modo de se alimentar, de acordo com as necessidades nutricionais de cada um. Mas ela se relaciona com estilo de vida, cultura e fatores sócio-econômicos, por isso que diante de necessidades individuais, deve ser feito um planejamento ”, complementa Michele.
Multifatorial
É preciso compilar alguns fatores que, somados, contribuem mais favoravelmente ao sucesso das dietas alimentares. Inclusive para ganhar peso, circunstância que também integra a rotina de muitas pessoas, embora na contramão do senso quase comum de emagrecer.
Os voluntários submetidos à pesquisa da rede britânica BBC, por exemplo, além de alimentação direcionada, foram também levados a testes hormonais, terapias e conhecimento de códigos genéticos. Cada um com a sua particularidade conseguiu perder peso ou, como foi o caso de um deles, ganhou gramas a mais, embora o fato não tenha sido encarado de forma negativa porque havia uma causa hormonal importante descoberta no decorrer dos testes.
“De acordo com cada indivíduo o resultado é diferenciado. Alterações hormonais causam ganho ou perda de peso, e é preciso tratar caso ocorram essas alterações metabólicas”, explica a nutricionista.
Para resultados desejados nas dietas, portanto, é preciso ir além de hábitos alimentares saudáveis - que inclui qualidade e quantidade de calorias ingeridas.
Faz-se necessário atentar também para rotinas sedentárias, genética, disfunções hormonais e estresse como fatores que podem levar à compulsão alimentar e medicamentos, como antidepressivos e corticóides, por exemplo, e a idade, que dificulta a perda do peso já que ocorre “declínio do metabolismo, diminuição dos hormônios e perda de massa muscular”, ressalta Michele. “Mas ainda assim é possível chegar ao objetivo desejado, desde que a soma de todos os fatores seja o foco de quem deseja emagrecer”, esclarece.