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OPINIÃO

Como o Covid-19 afetou o status da alimentação das pessoas

Com o isoolamento socia, a alimentação em casa voltou a ter mais importância, para a maioria das pessoas

Foto: Arte/Folha de Pernambuco

Com o advento da COVID-19, um novo status se estabeleceu e não há dúvidas que o tal “novo normal” está vindo para ficar. Para todas as famílias, permanecerem isoladas em seus lares trouxe-lhes o desafio do acúmulo de atividades, inclusive o preparo das refeições e o cuidado direto dos filhos, idosos, etc., de uma forma constante, muito mais frequente e intensa do que antes da pandemia.

O afastamento temporário dos trabalhadores domésticos foi um agravante, exacerbando a necessidade da distribuição das tarefas entre os integrantes da unidade doméstica. Se nesse contexto se acrescentar a novidade da execução das atribuições profissionais à distância, como o home office ou o teletrabalho, com todo o estresse inerente, a situação é mais complicada ainda.

Do ponto de vista mais pragmático, excetuando, é claro, a dor indefinível da partida de entes queridos, a crise econômica e dramas congêneres, até que faz algum sentido os adágios populares “todo mal traz um bem”, ou ainda, “se a vida lhe der um limão, faça uma boa limonada”, sintetizados, em parte, no dizer contemporâneo “reinvente-se”...

A alimentação em casa, então, voltou a ter, para a maioria das pessoas, a importância que os nutricionistas e demais profissionais de saúde sempre almejaram. Muitas se viram mais motivadas a aprender a cozinhar ou apurar o seu interesse por práticas mais saudáveis, trazendo as crianças e adolescentes para junto, de forma lúdica, inclusive.

Alguns revisitaram os cadernos de receitas da família e aproveitaram para reproduzir o repertório de comidas com significado afetivo, as chamadas “comfort food”. Uns se afinaram com os apelos da sustentabilidade ambiental e passaram a se interessar mais por alimentação orgânica, horticultura e fitoterapia; a audiência dos canais de TV e de internet aumentou, e de todos os cantos do planeta surgiram criaturas mais ou menos capacitadas para seduzir seguidores nas plataformas virtuais.

Por outro lado, houve pessoas que retomaram práticas já deixadas para trás (fazer sobremesas doces com frequência, comer sem fome, acordar para comer, usar bebidas açucaradas, etc.). Isso é devido à ansiedade decorrente das incertezas que a pandemia trouxe, e tais condutas podem acentuar o risco para alguns desequilíbrios, entre eles, o comer compulsivo.

Com toda esta explosão de recursos para atender a demandas tão prementes e variadas, é bom lembrar que o cultivo de hábitos alimentares mais saudáveis requer informações calcadas na Ciência e no bom senso, e que depende, em boa parte, das condições econômicas favoráveis ao aprovisionamento dos indivíduos e das famílias.

Além disso, a transferência do saber entre gerações legitima certas práticas, as quais, adaptadas aos dias atuais, também contribuem para fortalecer aspectos positivos do estilo de vida, ou não (haja vista algumas crendices e tabus alimentares do tipo “comer manga e leite na mesma refeição faz mal” e “mulher menstruada não pode comer isso ou aquilo”)...

Uma coisa é certa: a insistência para o cumprimento das diretrizes de lavar as mãos com frequência, higienizar corretamente as embalagens que chegam de fora, manter limpas as superfícies dos pisos e objetos nos domicílios, bem como a preservação da etiqueta respiratória (usar máscaras, não tossir ou espirrar próximo a pessoas e alimentos), serão práticas preventivas que garantirão benefícios para muito além do risco de contaminação pelo corona vírus.

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