Deputado João Campos articula CPI do óleo
Para João, isso é "resultado do desmonte da estrutura institucional do Meio Ambiente e de participação Social". O parlamentar critica a extinção, por parte do Governo Federal, dos comitês que integravam o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Água (PNC). Instituído em 2013 pelo governo Dilma Rousseff (PT), o PNC tem o objetivo de preparar o país para casos, justamente como esse, mas foi extinto pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), por decreto, em abril deste ano.
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"Ele extinguiu dois conselhos que teriam papel fundamental para cumprir o plano de contingência. Hoje a gente está vendo as pessoas batendo cabeça porque não têm uma institucionalidade na condução da crise e isso é muito grave", pondera João.
Para esta segunda-feira está prevista uma visita do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para uma reunião no Palácio do Campo das Princesas. "É o mínimo que pode fazer. Acho que tem que vir, tem que conhecer as praias atingidas, falar com as pessoas que tiveram prejuízo. Tem o prejuízo ambiental, no turismo, na economia", ressalta João Campos.
Mais cobranças
No último sábado (19), após sobrevoar áreas atingidas pelo óleo, o governador Paulo Câmara (PSB) voltou a cobrar posicionamentos do Governo Federal sobre a origem do vazamento que atinge as praias do Nordeste. “Até agora, não nos deram respostas adequadas para que possamos fazer o devido planejamento de prevenção. A gente solicita de maneira clara que o Governo Federal se desdobre, que trabalhe e coloque isso como prioridade. O que está acontecendo no Nordeste exige priorização, determinação e foco. Esses quase 60 dias foram mais do que suficientes para que a gente pudesse ter um planejamento e evitar que essas manchas chegassem às nossas praias”, pontuou.
Na tarde de domingo, o presidente Jair Bolsonaro divulgou, sempre em seu Twitter, 25 "notícias semanais" da sua gestão e citou, entre elas, o derramamento de óleo. "Com a detecção do aparecimento de petróleo no Nordeste, no início de setembro, desde então, o governo montou uma força-tarefa. A Marinha do Brasil, mais 1.700 agentes ambientais e 50 funcionários da Petrobras coordenados pelo Ibama", escreveu.
Em um vídeo, ele divulga, ainda, um hotsite chamado "Manchas de Óleo", que pode ser localizado na página da Marinha e que "foi lançado para mostrar as ações de controle das manchas. Notícias quase em tempo real de tudo que está sendo feito".
No entanto, as medidas citadas por Bolsonaro não são suficientes para alguns parlamentares pernambucanos. Compartilhando um vídeo de uma criança ajudando a retirar o óleo das praias em sua página no Twitter, o senador Humberto Costa (PT) criticou Bolsonaro. "Enquanto o presidente da República se mostra uma figura menor, os pequenos se mostram gigantes em favor do meio ambiente", escreceu. "A indignação com o descaso do governo Jair Bolsonaro é imensa. Esquecido pelo presidente, o povo pernambucano tomou as rédeas da situação", escreveu.
Além dele, o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) postou fotos de populares ajudando a limpar os resíduos de óleo e cobrou medidas eficazes da União. "É inacreditável. Não existe ação do governo federal para conter o óleo nas praias do Nordeste. A grande mobilização vem do povo nordestino, das pessoas que se juntaram, arregaçaram as mangas e decidiram agir. Os estados e municípios estão sozinhos, se desdobrando, se unindo aos voluntários para tentar conter os danos ambientais causados. Enquanto isso, o Ministério do Meio Ambiente está mais preocupado em politizar a questão do que fazer alguma coisa", disse Gadêlha.