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Cinema drive-in ocupará Memorial da América Latina durante pandemia

Idealizado pelo cinema de rua paulistano Petra Belas Artes, o Belas Artes Autorama Drive-in exibirá cerca de 35 filmes para motoristas e passageiros

CinemaCinema - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Memorial da América Latina, em São Paulo, vai voltar a um passado distante, anterior até mesmo à sua própria inauguração, ocorrida em 1989. A partir de junho, o centro cultural vai receber um drive-in, tipo de cinema popular principalmente entre as décadas de 1950 e 1970.

Idealizado pelo cinema de rua paulistano Petra Belas Artes, o Belas Artes Autorama Drive-in exibirá cerca de 35 filmes para motoristas e passageiros que estacionarem no pátio do complexo arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer.

Antes usada principalmente para shows e feiras, a área foi ressignificada para os tempos de coronavírus, em que aglomerações são absolutamente desaconselhadas e que cinemas precisaram fechar as portas.

A iniciativa segue tendência observada mundo afora e também em outras cidades do Brasil, como Praia Grande, no litoral de São Paulo.

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Diante da incerteza sobre a reabertura das salas de cinema durante a pandemia da Covid-19, diversos espaços foram transformados em drive-ins, considerados seguros já que seu público fica confinado dentro do próprio carro, tendo pouca ou nenhuma interação com o exterior.

"O drive-in veio como uma possibilidade de o Belas Artes existir durante a pandemia, atendendo às questões do isolamento", diz André Sturm, dono do Petra Belas Artes e da iniciativa. "Os cinemas estão fechados e não vão abrir tão cedo, provavelmente estarão na última leva de flexibilização -o que eu entendo que é necessário. Eu vi então que esse assunto [dos drive-ins] começou a pipocar e foi aí que procurei o Memorial."

Sturm agora negocia os últimos detalhes do projeto com o Governo do Estado de São Paulo, responsável pelo complexo, e com a Prefeitura de São Paulo. A expectativa é que, com o início da flexibilização do isolamento social, o drive-in possa iniciar suas sessões no dia 16 de junho.

As exibições acontecerão uma vez ao dia, na terça e na quarta, e duas vezes entre as quintas e os domingos. O drive-in está programado para ocupar o Memorial até o dia 31 de julho, mas Sturm ressalta que esse período é prorrogável e que, se depender dele, deve se esticar até o final do ano.

"O meu desejo é manter o projeto até o final do ano. O drive-in vai poder conviver com a volta dos cinemas tradicionais, até porque quando eles reabrirem haverá uma limitação de assentos ocupados", diz Sturm.

É ele próprio quem assina a curadoria do Belas Artes Autorama Drive-in, orientada por filmes considerados cults, com ampla base de fãs. A programação ainda está sendo finalizada, mas alguns dos títulos já foram definidos.

A abertura ficará com "Apocalypse Now", filme de Francis Ford Coppola sobre a Guerra do Vietnã premiado com a Palma de Ouro em 1979. Restaurada, a versão exibida tem cenas extras e quase uma hora a mais de duração em relação à original.
Também estão previstos quatro longas de Stanley Kubrick: "2001: Uma Odisséia no Espaço", "Laranja Mecânica", "O Iluminado" e "De Olhos Bem Fechados".

Outro cineasta prestigiado é Tim Burton, que será tema de uma das semanas da programação. Quatro de seus títulos serão projetados na mesma seção que abriga "O Abominável Dr. Phibes", filme de 1971 protagonizado por Vincent Price, ídolo de Burton.

"Batman Begins" e "Batman: O Cavaleiro das Trevas", ambos de Christopher Nolan, são os outros longas já selecionados. A promessa é que clássicos do terror apareçam na telona em sessões que acontecem já noite adentro.

Providenciada pelo Cine Autorama, projeto que já organizava sessões de cinema ao ar livre bem antes do início da pandemia, a tela terá 15 metros de largura. O som dos filmes poderá ser sintonizado por meio dos rádios dos carros.

Os ingressos serão vendidos online e custarão R$ 40 por motorista ou R$ 60 para um carro com até quatro pessoas. Pela internet também será possível comprar combos de pipoca e outras guloseimas tradicionais de cinema. O único contato dos visitantes com funcionários será justamente no momento de entrada no local, quando o ingresso será validado e os combos, retirados.

"A gente está propondo fazer o drive-in porque o governo paulista já entendeu que é importante haver alguma flexibilização da quarentena, um mínimo de retomada", afirma Sturm, que ressalta a preocupação do projeto com a saúde e segurança de seu público e dos funcionários.

"Não acho que vai prejudicar o isolamento, porque a pessoa vai sair de casa dentro do carro, vai abrir a janela por dois minutos e vai fechá-la de novo. É uma possibilidade de convivência mas ainda com isolamento, porque isso é fundamental. Nós não queremos que essa iniciativa vá contra a preocupação com a vida das pessoas, até por isso fizemos questão de realizá-la num espaço que é do governo."

Nas primeiras noites de evento, cem carros vão estacionar no Memorial a cada sessão. Se sobrar espaço, a capacidade será ampliada nas semanas que sucedem a estreia. Informações sobre vendas e a lista completa de filmes serão divulgadas nos próximos dias.

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