Raízes da Lituânia e essência brasileira no corpo feminino
Artista carioca Rose Klabin abre nesta quinta (16) a exposição "Memórias da Resistência", no MAMAM, com resgate de experiências pessoais
Passeando através do seu papel de falar como mulher, intercalando vivências familiares e trocas com pessoas que cruzam o caminho que chamamos de vida. É com essa proposta que a artista carioca Rose Klabin desembarca na Capital pernambucana para a estreia, nesta quinta-feira (17), da exposição "Memórias de Resistência", no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM), às 19h, no Bairro da Boa Vista. A mostra, que fica em cartaz até 19 de janeiro de 2020, conta com curadoria de Douglas de Freitas.
Foi durante um papo descontraído, imergindo no nascer da mostra no Recife, que a artista contou de que forma uniu três trabalhos de sua carreira para montar o evento. “São mais ou menos 10 anos de recorte editorial desta exposição, com três séries que lidam de forma muito direta com questão corpórea feminina aliando com minhas memórias afetivas familiares e da vida", destacou.
Dividida em três espaços, a mostra propõe uma experiência crescente. O primeiro estágio é composto por telas nas quais a artista tenta mostrar ação, usando o papel como matéria-prima. O material, inclusive, remete ao trabalho da família. "Minha família é da Lituânia e tem uma história de anos com produção de papel. Meu trabalho tem uma busca pessoal como mulher artista de me inserir nesse processo que é quase estrangeiro e não consigo me desprender dele. É minha raiz. É a minha entrada nessa linha industrial como artista", enfatizou ao passar pelo primeiro espaço do local.
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É no meio da exposição que chega Sutartine (2018), uma série de esculturas em mármore de mulheres em cima de engrenagens industriais. São peças criadas a partir de pesquisas sobre sua descendência lituana, expostas em um ambiente sonoro, o que promove imersão na temática. "Várias mulheres remetendo à beleza clássica, ao berço renascentista. De forma que emergem nesse nicho com a força da resiliência, colocando em contraponto essas duas temporalidades: o passado e o presente. Unindo elementos conflitantes para criar uma terceira realidade harmônica e com o som torna um cíclico ritualístico."
Segundo a artista, a última parte, composta com a fotografia 3064 Peles (2019) e vídeo Suspensão (2016) em repetição, vem como forma do seu próprio renascimento. “Surtatine foi um processo de isolação total. Uma fase que não foi muito fácil para mim. Aqui é o momento de sair e me reconectar com universo”, confessou.
O vídeo retrata mais uma vez sua ligação com papel. Nele, Rose usa um trator para mover grandes pedras e tenta revestir as pedras com camadas de celulose. "Voltei há um ano no local que tinha feito e percebi que a pele feita de celulose ainda estava lá. Acho que minha marca sempre vai estar, independente do material. E, mais uma vez, toco no assunto da memória. Isso faz parte do processo da obra com o passar do tempo. É o fechamento de um ciclo."